sábado, 15 de julho de 2017

EPISTEMOLOGIA EM JUNG

Trabalho apresentado à profª. 
Cesar Rey Xavier, na disciplina de 
Teoria da Personalidade,
como requisito parcial de avaliação semestral.


Como surgiu a teoria Analítica?

Uma das grandes teorias em desenvolvimento no final do século XIX inicio do XX, tratava-se da Psicanalise. Sigmund Freud, motor inicial da importante teoria psicanalítica, estava travando uma grande luta para o desenvolvimento desta, e Jung surge como seu aluno, interessado no seu trabalho. Para Freud, Jung era de grande importância em vários aspectos, primeiro que Jung era um individuo de inteligência notável, assim como Freud, possuía habilidade com diferentes línguas, tinha hábitos de leituras ricas..., as semelhanças não paravam por ai, ambos tinham apreço por arqueologia, sendo chamados posteriormente de arqueólogos da mente humana. Entre outras semelhanças, além das mais obvias claro, ambos eram médicos psiquiatras, interessados na alma humana.
As semelhanças entre Freud e Jung, gerou uma identificação entre ambos, levando-os a manter uma relação de um tempo razoável. Freud considerava que Jung seria seu sucessor, levando a diante a teoria Psicanalítica, para ele isso era de interesse, não somente pela capacidade intelectual de Jung, como também o fato de ele ser o único no circulo de Freud a não ser judeu, representar uma coisa de muito valor, em uma época onde o preconceito a judeus se fazia fortemente presente. Freud fez um razoável investimento em Jung, e quando houve a ruptura da relação entre os dois, Freud foi fortemente atingido emocionalmente.
A ruptura entre Freud e Jung, se deu por discordâncias em relação à teoria. Jung possuía uma visão muito ampla da alma humana e do mundo, via ligações entre todas as formas de conhecimento, enquanto Freud era mais sistemático, gostava de coisas mais delimitadas. Juntando isso ao fato de Jung também não ter uma aceitação da importância que Freud empreende a sexualidade, e Freud menos aceitação ainda as questões religiosas de Jung, não houve mais forma de se manter o relacionamento entre esses dois personagens. Após a ruptura com Freud, Jung passa então a desenvolver sua própria teoria Analítica, a qual sofre tanto às claras influencias de Sigmund Freud e a Psicanálise, como também terá a influencia de diversas outras áreas:

Podemos dizer que além da influencia freudiana na formação de Jung ele contava com outras influencias significativas como a de Pierre Janet, contudo, diferente de Freud e Janet, que tiravam suas conclusões através do estudo da neurose, Jung trabalhou um grande período na “área da psicose”, e, como Janet, adotava um método muito mais descritivo do que causal. Janet não procurava as causas, mas descrevia seus fenômenos criando assim a possibilidade de estabelecimento de modelos, quadros de patologia e divisões analíticas. Da mesma forma Jung seguiu por um caminho onde pudesse observar o fenômeno como se apresenta e não como pressupõe algum postulado abstrato ou personalista. (BESERRA 2015)

Além das influencias da Psicanálise e de Janet como Beserra (2015) nos trás, Jung ainda sofre influencias da alquimia, de religiões de varias regiões do mundo, da astrologia entre outros saberes. Uma das “sacadas” mais interessantes de Jung é o fato de ele chegar a ideia de que diferentes saberes tratavam de um único “evento” ou situação. A ligação entre as coisas, e dai a religião, como religação, e não algo teológico, mas sim uma necessidade de religação a algo maior (Self). Young-Eisendrath e Dawson (2002), também nos apresentam essa diversidade de conhecimentos do Jung, que ao mesmo tempo, que encantam também tornam sua teoria bastante complexa, demandando uma atenção e dedicação grande na busca de entendimento.
Ao analisar as diferentes crenças, entre elas as religiosas, Jung percebe que há pontos em comum entre elas, existem “coisas” iguais ditas de maneiras diferentes. O deus de uma religião tem equivalente em outras, símbolos comuns a varias culturas. Entre outros fatores que levaram Jung a crer que existia uma ligação comum a toda a humanidade, e quem sabe se também não uma ligação com todo o universo. Já tendo sido influenciado pelas ideias de inconsciente de Freud, Jung considera, se todos temos um inconsciente nosso, individual, por que não um inconsciente conjunto, que todos no mundo compartilhem, e que explica o fato de tantas culturas diferentes com tantas semelhanças.
Por que no Egito pirâmides? E no outro lado do mundo nas Américas, onde se tem por aceito não havendo relações entre os povos, ainda assim igualmente, pirâmides construídas no México? Qual a relação entre esses dois povos?
Segundo Jung, não somente esses dois povos, como todos os outros, compartilham de um Inconsciente Coletivo, que contem informações, símbolos e significados.
Outro dos conceitos de Jung que explica tantas semelhanças é o Arquétipo, uma “ideia” que é universal, faz parte de todas as culturas. Indiferente ao local do planeta ,se faz presente, um dos exemplos, é a imagem de salvador, onde em nossa cultura se faz mais forte em relação a Jesus, mas como podemos ver no vídeo “Jesus Cristo - A Maior Mentira da Humanidade.” Disponível em: https://youtu.be/PWBw3mNbvgw Acessado em: 06/09/2015. Ao longo dos milênios apareceram por mais vezes imagens como a dele, de um ser supremo salvador da humanidade, vemos isso no antigo Egito e em outras civilizações. Segundo Jung essa “coincidência” ocorre devido a ser um arquétipo, uma imagem universal formada, que se adapta, ou é adaptada a cada cultura. Essa imagem estaria presente em um inconsciente coletivo, ao qual todos os indivíduos e todos os povos teriam acesso, gerando assim, tais semelhanças.
Segundo Young-Eisendrath, e Dawson (2002) outra influencia que Jung teria sofrido, foi a de Kant, que segundo os autores Jung considera um precursor de sua teoria, o interesse de Kant pela parapsicologia, levaria Jung ao interesse por Kant. Sendo este, forte influencia para o desenvolvimento do conceito de arquétipo. Devido a Kant ser platônico, e como tal conservar ideias de que seguiríamos conceitos ideais, aos quais refletimos imperfeitamente.
Ainda conforme nos apontam Young-Eisendrath E Dawson (2002) outros dois filósofos de importante influência em Jung seriam Carl Gustav Caros e Arthur Schopenhauer, que renderiam a Jung as ideias de inconsciente e consciência trabalhando em conjunto e se complementando.
No final de sua vida, Jung cada vez mais demonstrou interesse pelos estudos de alquimia, influente referencia para o conceito de individuação, onde o ser que melhor se conhece, melhor conhece seus semelhantes. Acreditando este, que a alquimia era a mais forte ligação existente entre as crenças judaicas e cristãs e a psicologia moderna. Também na busca de um melhor entendimento desses laços, Jung estudou profundamente o Gnosticismo. (YOUNG-EISENDRATH E DAWSON 2002)
Tendo varias influencias culturais, e viajando por diversas partes do mundo, Jung buscou nas mais variadas culturas, correlações e interpretações possíveis, desse modo buscando uma nova visão de psiquismo humano, que privilegia-se não somente o individuo, mas sim a sua construção dentro da cultura, ainda assim, sem ignorar a singularidade de cada um. Ou seja, Jung buscou compreender o individuo em si, mas lembrando que esse individuo faz parte de algo maior, um universo, que possui ligações das mais variadas e inesperadas, a busca pela compreensão dessas ligações, moveu o desenvolvimento de seu trabalho.
Devido a seu alto nível de abrangência, a leitura de Jung não pode ser considerada como entre as mais fáceis, porem está sem duvidas, entre uma das mais abrangentes, capaz de estudar o individuo com suas singularidades e entende-lo dentro de um contexto maior.

Vídeos:

Aula de apresentação da 9a edição presencial (2015) do curso de introdução de psicologia analítica do Núcleo Português de Estudos Junguianos.

Curso de introdução à psicologia de Carl Gustav Jung - Parte 1 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3BiIKinQp54 Acessado em: 27/08/2015.

Curso de introdução à psicologia de Carl Gustav Jung - Parte 2 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XX7XI3pVGE8 Acessado em: 27/08/2015.

Curso de introdução à psicologia de Carl Gustav Jung – Parte 3 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jEv5bfKzEIs Acessado em: 27/08/2015.

Curso de introdução à psicologia de Carl Gustav Jung – Parte 4 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yU61Rk4gJh0 Acessado em: 27/08/2015.

Jesus A Maior Mentira da Humanidade, Parte do documentário Zeitgeist. Disponivel em: https://youtu.be/PWBw3mNbvgw Acessado em: 06/09/2015.

Blog:

Fernando Beserra
Disponível em: http://muitaluz.blogspot.com.br/2006/08/introduo-epistemologia-junguiana.html Acessado em: 22/08/2015 15:06 hs.

Livro: 

YOUNG-EISENDRATH, P; DAWSON, T. Manual de Cambridge Para Estudos Junguianos. Artmed, Porto Alegre, 2002.

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