Introdução:
O presente trabalho tem por objetivo
realizar uma analise acerca da visão que a sociedade atual (ano 2014) faz de
suas crianças, mas principalmente, analisar a forma como a indústria atual vem
bombardeando as crianças com sua publicidade, e descobrindo nelas, um novo
cliente mais vulnerável, e manipulável.
Para essa analise serão utilizados
como material de pesquisa: recortes de revistas, publicidade impressa e
pesquisas de bibliografias, bem como o artifício da internet.
Através da analise do material, será
buscado compreender, como as crianças e pré-adolescentes são vistos pela
sociedade e pela indústria, a qual já percebeu o potencial consumidor que se
encontra nesse publico.
Indústria
têxtil moda e lojas.
A roupa infantil se altera de acordo
com a época, bem como a adulta, que segue seus ciclos.
Por volta do século XIII as crianças
eram vestidas do mesmo modo que os adultos, como nos trás Philippe Aries (1981)
em História social da criança e da família,
“assim que a criança deixava os cueiros, ou seja, a faixa de tecido que era
enrolada em torno do seu corpo, ela era vestida como os outros homens e
mulheres de sua condição”. Ainda segundo o autor, a partir do século XIX que
torna-se evidente as diferenças entre roupas infantis e adultas, pois em época
medieval nada distinguia a roupa infantil e adulta se não o tamanho.
Como é de se esperar de uma moda
cíclica, (Moda, conceito atual) observamos novamente uma pouca diferenciação
entre o traje infantil e adulto, se não, uma inversão de posições, como podemos
analisar segundo o anexo: 01.
A indústria têxtil segue tendências
de venda, ou eventualmente cria suas próprias tendências, através de
publicidade e jogadas de marketing.
Com as crianças se espelhando nos
adultos, ou seja, os utilizando como modelo de desenvolvimento (e nem sempre
adultos que estão perto delas, e sim adultos da mídia. Principalmente
televisão) parece à moda infantil estar novamente muito próxima do que sempre
foi considerada a moda adulta, ao decorrer dos últimos anos. As crianças tendo
cada vez mais feito valer sua opinião parecem ter cada vez menos interesse em
vestir roupas com características infantis, como é o caso das roupas com
estampas de personagens infantis, demonstradas no anexo: 02, páginas: 02, a 04,
ou roupas coloridas, anexo: 02, páginas 08 e 09. A publicidade do anexo: 02 é
pertencente à mesma empresa do anexo: 01, porém com uma diferença de um ano.
Sendo o anexo: 02 de 2013 e o 01 de 2014.
Vamos para a analise dos anexos.
Como dito antes, no anexo: 02 podemos perceber a presença forte dos elementos
infantis, como personagens de desenhos e contos, Barbie, Bem 10, Relâmpago Mc
Queen e Marie, páginas 02 e 03. Porém no anexo: 01 a situação muda. Ainda no
anexo: 02, para não fazer referência apenas à roupa de cama, peguemos os trajes
propriamente ditos, (roupas) apresentadas nas páginas: 08 e 09, é perceptível
tratar-se de roupas coloridas, com cores fortes e vibrantes (ano 2013), mas
quando comparado ao anexo: 01, mais atual, percebemos que as roupas infantis
apresentadas nas páginas: 24 a 27, apresentam cores mais sóbrias, como: preto,
cinza, verde escuro, etc. Sem presença de personagens nem mesmo estampas
infantis, demonstrada uma aproximação da roupa voltada para o publico adulto ou
jovem do ano anterior. Já em contraponto a roupa jovem adulta parece seguir em
direção contraria, no ano de 2014 apresentam-se extremamente coloridas e com
presença de estampas chamativas, como apresentado nas páginas 01 a 23 do anexo:
01. Ou seja, as roupas infantis se tornam cada vez mais sóbrias, e próximas da
adulto-jovem, enquanto esta segunda parece se “infantilizar” cada vez mais.
Como dito antes, as crianças tomam por exemplo, os adulto, sendo assim tendem a
buscar naturalmente uma aproximação deles, em atitudes e aparência. Daí a
máxima “As crianças precisam mais de exemplos, do que conselhos” (Joubert).
Em relação a esse desejo da criança
e do adolescente de se tornar adulto, voltemos a atenção a um elemento de
publicidade presente no anexo: 01, página 24. Encontramos a seguinte frase: “A
Skinny agrada desde cedo as gatinhas mais antenadas.” Isso em uma página que
apresenta uma roupa masculina voltada para uma criança ou pré-adolescente, um
apelo claro a sexualidade em desenvolvimento do publico ao qual é direcionado o
produto, mas ao mesmo tempo podemos ver nas páginas seguintes 26 e 27,
elementos infantis no cenário. Uma utilização clara do conflito que o individuo
sofre entre desejar ser adulto, mas sem querer deixar de ser criança, para fins
lucrativos de venda. Atingindo esse individuo por ambos os lados. Lhe fornecem
produtos com aparência adulta, mas sem deixar de incluir na publicidade algo
infantil, da fase a qual ele tenta afastar-se gradativamente.
Mas em busca de uma abrangência
ainda maior de publico, a indústria têxtil, também possui ramos específicos
para roupas tidas pelo senso comum como infantis, por mais que muitas vezes
essas, agradem mais as mães, do que as crianças. Uma marca bastante famosa
trata-se da Zig Zig Zaa, (disponível em: http://www.zigzigzaa.com.br/
acessado em: 23/06/2014) o vídeo de abertura do site, uma campanha publicitária
de um minuto, deixa bastante clara a visão de criança tida pela empresa, ou a
visão que a mesma quer repassar de criança, seu vídeo publicitário apresenta
diversas crianças brincando, com bambole, cartola de mágico, se equilibrando em
uma corda imaginaria, fazendo coisas tidas convencionalmente como de criança.
Inclusive seu site, possui uma aparência extremamente infantil, com uma página
de dicas de pedagogas. Uma clara utilização da criança como um público
consumista, ou a utilização da visão que temos de criança, para fins
consumistas. Mas os apelos consumistas direcionados a criança não param na
indústria têxtil, não entraremos em mérito das indústrias de brinquedos e
jogos, pois estas não apresentam novidades, desde seu principio, são voltadas
diretamente ao público infantil. Mas alguns setores da indústria alimentícia,
que em momento algum seriam ligados a este público, já estão se utilizando a
algum tempo, de artifícios para atrair consumidores cada vez mais jovens.
Indústria
alimentícia.
Uma coisa que surpreende de certo
modo, é que a industria alimentícia também vem apelando para o publico infantil
em áreas que costumeiramente, não era tido como produto voltado a crianças. Não
nos surpreende um salgadinho frito, uma bolacha recheada, ou um pacote de
balas, ter algum tipo de publicidade voltada ao publico infantil, pois são costumeiramente
produtos consumidos mais, por estes mesmo. Mas o que dizer de patê de carne
suína? Leite em caixa? Ou goiabada? Creio que de todos a goiabada seja o menos
incomum, e que talvez remeta a criança em algo. No anexo: 04, vemos uma
embalagem de patê, com a imagem de um desenho infantil muito famoso. The Flintstones ou na versão brasileira
a qual passava em canal aberto de televisão, Os Flintstones. Logo em seguida no anexo: 05 temos parte de uma
embalagem de leite, com a imagem de uma “vaquinha” muito feliz, uma imagem
claramente infantilizada. Também no anexo: 06 Uma embalagem de goiabada, com a
imagem do Piu-Piu, um canário da Warner Bros, que vive suas aventuras fugindo
do gato Frajola, Piu-Piu ficou famoso pela frase “Eu acho que vi um gatinho”,
um desenho muito famoso no Brasil, e esteve presente em diversos canais de
televisão aberta.
Percebemos nestes anexos, que a
apelação ao publico infantil e clara e evidente, para não dizer “descarada”, há
também de se dizer, que convencionalmente esses produtos são dispostos no
mercado, à altura de um metro para baixo. Bem aos olhos das crianças, não que
sejam produtos que elas não consumam, ou cause alguma estranheza o consumo
deles por crianças. A questão é que, costumeiramente não se é compreendido tais
produtos como sendo direcionados ao publico infantil. Mas a indústria
alimentícia já se deu conta a muito tempo, da facilidade em iludir as crianças
pelas imagens, e através delas convencer os pais (ou adultos) ao consumo.
Essa temática foi abordada em sala
de aula na matéria de Desenvolvimento, com a professora Maytê Coleto através de
um filme assistido em sala, onde se discute essa questão, o quanto à indústria
influi na visão que a sociedade faz de criança. Pois inevitavelmente a indústria,
e principalmente a mídia tem uma forte influencia nas concepções de infância da
sociedade atual, se alterando diversos conceitos antigos, deixando alguns de
existir, e criando-se novos.
Considerações
finais
Enquanto no Brasil não se tem leis
que regulamentem os produtos e propagandas voltadas ao publico infantil, de
maneira eficiente como ocorre em outros países, e nem se pode contar plenamente
com a ética de alguns empresários, resta aos pais e responsáveis virar-se como
podem diante do que seus filhos são submetidos. Que muitas vezes são simples
propagandas de produtos como opções de escolha, em outras descarados apelos de
consumismo, se utilizando de artifícios, “quase” imorais, manipulando
sentimentos e desejos.
É preciso que estejamos atentos, e
não nos deixemos ser manipulados, e busquemos dar conhecimentos as nossas
crianças, para que sim, aprendam desde pequenas a fazer suas escolhas, mas
escolhas suas, e não de uma mídia que muitas vezes se demonstra irresponsável.
Ou de empresas que agem em função exclusiva de seu faturamento.
Referencias:
ARIES, Philippe.
História Social da Criança e da Família. LTC- Livros Técnicos e Científicos
Editora S.A Rio de Janeiro - RJ. 1981.
Site da marca Zig
Zig Zaa
(disponível em: http://www.zigzigzaa.com.br/ acessado
em: 23/06/2014)
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