terça-feira, 29 de janeiro de 2019

CADA DIA RENASCEMOS



Depois de uma semana de chuvas, Uranus limpou, deixou evidente toda a sua beleza.
Passei uma noite a olhar, a olhar, mas pouco ver.
Então hoje decidi montar em minha moto e fazer algo que há muito tempo não fazia, talvez não o fazia há algumas encarnações. Fui para o meio da mata, na escuridão, no Caos, no meio do nada, para olhar para o céu pela primeira vez.
Olhar para um céu que nunca até então olhei, ver estrelas que nunca havia visto entender o que realmente sou. Uma partícula do grão de poeira entre gigantes cósmicos, menos que um átomo.
Passei por estradas nas quais caminhei em minha infância e descobri que nunca estive nelas, lembrei-me de pessoas que nunca conheci, compreendi coisas que nunca cheguei a aprender. Vivi coisas que talvez já morreram. Encontrei sabias corujas e humanos ignorantes.
Amei verdadeiramente à noite, olhei para um céu, que não se seleciona um palmo sem estrelas e percebi que cada uma delas, é apenas uma luz, de tantos mundos possíveis. Lembrei-me de Heráclito e tive a certeza de que nunca olhei para o céu, nunca estive naquelas estradas, nunca vi aquela mata, nunca respirei aquele ar, nunca fui aquela pessoa.