A psicanálise tem grande
apreço pelas metáforas desde sua época freudiana, comparar a teoria a coisas de
nosso cotidiano, é algo que facilita em muito a visualização dos conceitos.
Para mim a comparação entre nosso psiquismo e uma casa, é uma das mais ricas metáforas,
pois de maneira geral todos temos uma noção do que é uma casa, e também temos
uma grande relação emocional com a ideia de lar, tornando essa metáfora de
acesso a maioria, se não todos.
Nesse sentido, nosso
psiquismo tem uma fundação, montada a partir do concreto fornecido por nossos
cuidadores, em cima da qual nos estruturamos, na qual montamos as paredes com
os tijolos que a sociedade nos fornece. Alguns tijolos nos são dados na escola,
outra meia dúzia na casa de uma tia, mais meia dúzia em um acampamento de fim
de semana, cada experiência vivenciada contribui com alguns tijolos para essas
paredes, até o momento da castração, no qual a função paterna, ou para Lacan, o
nome-do-pai, irá contribuir para essa construção que somos com o telhado, algo
que de certo modo nos protege das intempéries, mas ao mesmo tempo nos limita,
nos dizendo aqui é o mais alto, daqui você não pode passar.
Ao longo dos anos, vamos
fazendo reformas nessa casa, casamos, o que nos obriga a ampliar a casa,
construir mais um quarto aqui, talvez quebramos um pedaço da parede ali, para
fazer uma nova porta ou janela, mas de maneira geral a fundação da casa
permanece a mesmo, nos mantemos na mesma estrutura, por mais que oscilemos, ora
com traços mais fortes de uma, ora de outra. Mexer na fundação dessa casa é
quase impensável, pois teria que derrubar telhado e paredes, o que faria com
que não sobrasse nada da casa, igualmente em nosso psiquismo, alterar uma
estrutura, se o fosse possível, seria o equivalente a sumir com o próprio sujeito.
Mas mesmo tendo essa fundação rígida, nada nos impede de pintar as paredes da
casa, vez ou outra, trocar uma janela ou uma porta, movimentar os móveis dentro
dela, muitas vezes até mesmo, após passar por um processo de analise acabar
decidindo trocar os azulejos e talvez o forro. Nada é tão rígido e imutável quanto
pode parecer.
Para entender como essa visão
se aplica ao processo psicanalítico, assista ao vídeo.
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