sexta-feira, 9 de novembro de 2018

NINGUÉM QUER OUVIR

Rubem Alves esclareceu bem em seus texto escutatoria a realidade contemporânea, as pessoas nada querem ouvir do outro.
Já houve tempos em que as vizinhas fofocavam da vida alheia, hoje se uma começa a falar, a outra logo da um jeito de incluir a sua própria vida na conversa.
Não sei se é resultado de uma carência emocional grande, de imaturidade, ou mero egocentrismo exacerbado, mas a realidade é que as pessoas estam cada vez mais se tornando incapazes de escutar seus semelhantes. Quando alguém começa a falar algo, talvez para desabafar ou buscar um outro ponto de vista, como Alves mesmo diz, inicia-se uma disputa em busca de quem tem a vida mais desgraçada. Um sujeito fala de suas dificuldades e o outro logo encontra problemas e dores maiores para relatar. Isso porque não deseja ouvir seu semelhante, então busca a todo custo calar-lhe com desgraças maiores que as dele.
Dificilmente você encontrará uma pessoa que ao ouvir de outro um problema, irá de fato esperar o fim do relato, terá ouvido e dira: "triste você estar passando por essa dificuldade, espero que as coisas se resolvam para você." 
A realidade é que tudo em nosso semelhante, nos incomoda. Se ele está triste, não suportamos sua tristeza, talvez porque nos faça lembrar de nossas próprias desgraças. Mas se ele está feliz, nos irritamos com sua felicidade, como pode?! Ele assim sorridente, tirando fotos em viagem, enquanto eu estou cheio de contas para pagar?
As pessoas querem que seus semelhantes as vejam, querem ser vistas, ouvidas e faladas. Mas não suportam, ver e ouvir o outro, nem mesmo falar, a fofoca que já foi motivo de incomodo para muitos, virou status e desejo, as pessoas desejam ser faladas pelos outros e se esforçam em aparecer em todas as redes sociais para isso.
Estamos em um mundo cheio de falantes e sem ouvintes.

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