sábado, 15 de julho de 2017

O EXISTENCIALISMO A PARTIR DE SARTRE, ESCRITO POR UM FREUDIANO

João Vitor Wrobleski

Pelas palavras de Sartre, o Existencialismo é taxado por diversas coisas, entre elas, é acusado de isolar o homem, e negar a “solidariedade” humana, em minha visão ainda atribuiria certa perversão a ele, segundo exatamente a visão psicanalítica, onde o perverso é aquele individuo estruturado a partir da satisfação na dor própria ou alheia ou em quebrar as regras. De certo modo é o que parece o viés Existencialista, pois me parece ser a abordagem mais cruel dentro da psicologia, ela atribui ao sujeito responsabilidade por todas as situações de sua vida.
Por que a resistência em aceitar e entender a abordagem Existencialista?
É natural do ser humano, por covardia, não assumir responsabilidade sobre seus atos. Talvez daí, a necessidade de um deus, alguém a culpar por nossos erros, e a ter como objeto de esperança para uma melhora de vida milagrosa, sem demanda de esforço. Mas segundo o Existencialismo Sartreano, não há a existência de nenhum deus a fazer o trabalho por ninguém, e nem atribuindo essência aos humanos. Tudo depende de nós mesmos.
Para Sartre e o Existencialismo de modo geral, a existência precede a essência. Isso significa que antes de existir-mos não somos nada, ou seja, primeiro existimos como indivíduos a partir da fecundação, para ai então formarmos nossa essência. Nos construirmos em convívio com o outro, é por meio de nossas decisões que damos forma a nossa essência. Sempre temos decisões possíveis de serem tomadas, por mínimas que estas sejam, ainda assim, o que decidimos é o que nos torna o que somos.
Para Sartre, o homem se forma por si mesmo e por suas decisões. Não somos o que queremos ser, mas somos o que decidimos ser. São nossas decisões que nos tornam e nos fazem. Sartre afirma, que a própria inércia é uma decisão, ou seja, você decidiu não fazer nada, desse modo é responsável pelas consequência de sua inércia.
Segundo Sartre, o Existencialismo não é pessimista, mas sim otimista, pois da ao homem condição plena de decisão acerca de sua vida. Porém para os humanos de modo geral, é mais fácil atribuir culpa das atitudes e desgraças a outrem, é muito mais fácil e cômodo culpar os pais por nossas condições atuais, como de certo modo fazemos na psicanálise, do que culpar a nós mesmos. Pois quando se atribui ao individuo a responsabilidade de mudar sua vida, ele é obrigado a trabalhar para mudá-la, ou a admitir sua covardia. Quanto à covardia, Sartre também o diz: é mais cômodo ao ser humano crer que ser covarde ou herói é uma questão de nascer como tal, mas a verdade existencialista é que, ser covarde ou herói, são resultados de nossas decisões. Tomamos decisões covardes, e isso nos torna covardes, não nascemos desse modo.
Segundo Brandelero, ainda quanto ao suposto pessimismo do Existencialismo; tratasse na verdade de um realismo, dando ao sujeito, a liberdade de fazer por si mesmo. Nas palavras dela, se referindo ao atendimento em clínica, pelo viés Existencialista, “Somos verdadeiros com o cliente, não desejamos torná-lo dependente do terapeuta, mas sim dar a ele a liberdade de resolver por si mesmo seus sofrimentos, e mais tarde se ele tiver um novo problema que não consiga resolver, irá nos procurar novamente, mas com uma nova questão, não o tornamos refém do terapeuta.” Brandelero ainda afirma que o Existencialismo não é uma simples abordagem, mas sim uma filosofia de vida, possível de se utilizar em seu dia-a-dia, para suas próprias tomadas de decisão.
Sobre a teoria, Sartre afirma a criação de uma teoria que se coloque a serviço do homem e não que coloque o homem a serviço da teoria (ALVES). Ainda Alves trás que segundo Sartre, ele não desejava criar necessariamente essa nova teoria, mas sim apenas demonstrar que é possível. “esta psicanálise ainda não encontrou o seu Freud [...] para nós o que importa é que seja possível.” (SARTRE, citado por ALVES).
Essa necessidade de atribuir ao sujeito mais responsabilidade, talvez seja fruto de uma época vivida por Jean-Paul Sartre, onde a psicologia Comportamentalista atribui o resultado do sujeito ao meio em que ele vive, e os estímulos fornecidos por esse meio, a Psicanálise Freudiana atribui à formação do sujeito ao inconsciente e o relacionamento do sujeito com as figuras de função paterna e materna. Mas onde está o sujeito nesta história? Hipoteticamente, e não sem sentido, Sartre se cansou de ver o sujeito como objeto, como ele mesmo deixa subentendido em O Existencialismo é um Humanismo. Sartre se cansa de ver o homem, como objeto de seu meio, ou de um inconsciente sem condições de falseabilidade. Então segue em contraposto total, atribui toda a responsabilidade sobre o individuo.
O homem deixa de ser vitima de um meio ou criação, para ser ator, criador de si mesmo.
Mestre Vanessa Brandelero falando sobre a vitimização, (Se colocar como vitima) afirma ser uma das piores formas de se posicionar dentro de uma visão Existencialista, pois ninguém, segundo a psicóloga, nos coloca na posição de vitima se não for de nosso interesse sustentar tal posição, ou seja, somente somos vitimas se quisermos ser.
Parece difícil imaginar esse tipo de trabalho direto com o cliente, em um campo clínico. Como dizer a uma mulher que foi estuprada, que o que ela fará desse sofrimento depende dela? Assim como uma mãe que perdeu o filho morto a tiros. É nesse aspecto que afirmo que o Existencialismo é perverso. Mas se analisarmos de uma maneira mais maquiavélica. Quais as alternativas de uma mulher que foi estuprada? Se ela não tomar para si à responsabilidade de trabalhar com essa dor, quem o fará por ela? O estuprador? Mesmo que sua família quisesse a ajudar, não pode saber o que ela sente; mesmo outra mulher que tenha sido violentada, não sabe o que ela sente, pois cada individuo tem sua singularidade, sua maneira própria de funcionar. Sendo assim, mesmo que duas pessoas passem exatamente pela mesma situação, cada uma delas irá sentir a seu modo, ninguém pode saber como o outro se sente. Então, se somente a mulher violentada sabe o que ela está sentindo, não é o mais obvio atribuir a ela a responsabilidade de trabalhar com isso? Sartre diz: “Não importa o que fizeram comigo, importa o que eu faço do que fizeram comigo.”
“O homem está condenado a ser livre” (Sartre). Segundo Sartre a não existência de um deus, condena o homem a ser livre, por tanto capaz de tomar suas próprias decisões, e sem ter como justificar suas atitudes a partir de uma essência imutável determinada por um ser superior. Não há natureza humana pré-determinada! Como um Freudiano; pessoal fã da Psicanálise; não posso negar o que minha infância me condicionou a ser, nem toda a carga cultural e social que trago comigo. Assim como ao estudar a Psicologia Evolucionista, tornasse impossível negar que trazemos informações genéticas importantes em nosso DNA.
Acredito na psicanálise, e entendo a importância das funções paternas e maternas em nossa vida, assim como entendo, e seria tolo negar, toda a carga genética que trazemos ao decorrer de milênios de evolução. Mas a pergunta restante é: Até onde somos obrigados a seguir tais determinações?
Discordo de Sartre em um aspecto, não creio que sejamos uma página completamente em branco quando nascemos, (Interpreto desse modo sua afirmação de o ser vir do nada) mas sim um grande livro com a primeira página preenchida pelo próprio código genético, e algumas páginas seguintes, são muitas vezes indevidamente preenchidas por nossos pais. Mas o que me obriga a seguir na mesma história? A partir do momento em que eu pego a caneta, nada me obriga as escrever as próximas mil páginas em função das primeiras. Tudo se torna decisão minha, basta matar os personagens, mudar o cenário, e seguir com o romance da forma que eu quiser. Nasci em uma família católica, mas do momento em que aprendi a pensar em diante, decidi ser ateu, e nada pode me impedir, mesmo tendo sido obrigado a engolir uma crença sem sentido, quando tomei uma decisão, não importou o que meus pais me enfiaram garganta abaixo, nem meu código genético. Mudar foi uma simples questão de decisão minha. Tomei a decisão e assumi as consequências dela.
O próprio Sartre, apesar de negar a existência do inconsciente, e formular sua ideia toda baseado simplesmente na consciência, ainda assim, não nega o valor de se estudar a infância, Sartre “nunca aceitou o inconsciente de Freud. Mas nunca negou a validade da investigação psicanalítica do passado de uma criança.” (GERASSI, citado por ALVES).
Estranho que duas escolas que parecem tão distintas como a Psicanálise e o Existencialismo, a mim não se contrarie tanto assim. Somos sim resultado de nossa infância, entender nossa infância a partir da Psicanálise, explica o que somos, mas não justifica. Pois após tomarmos consciência disso, ser o que somos, tornasse simples decisão nossa. Segundo a Psicanálise, não podemos mudar a estrutura que temos, mas a forma de funcionamento dessa estrutura nós determinamos.
A partir do momento em que compreendemos porque somos do modo que somos, basta uma decisão firme, para nos tornarmos o que decidirmos ser, Sartre e outros nos deram essa liberdade.

REFERÊNCIAS:

SARTRE, J.P; O Existencialismo é um Humanismo: Coleção os pensadores. Abril Cultural. 1978.

ALVES, L. C. R. A Psicanálise Existencial de Sartre Enquanto Olhar Alternativo para o Homem. Revista eletrônica de filosofia.

Aula com: Prof. Mst. Vanessa Brandelero, Psicóloga Existencialista. Atualmente ministrando aulas na Universidade do Centro-Oeste.


DESENVOLVIMENTO A PARTIR DE FREUD

UMA QUESTÃO DE SEXO.

Um dos pontos chaves do desenvolvimento da criança na visão de Freud (1997), está situado na sexualidade. A sexualidade, não está diretamente ligada ao ato sexual, isso por muitas vezes cria criticas leigas a respeito da obra de Freud, pois este se utiliza da palavra sexualidade, no sentido amplo, e completo, a sexualidade no ponto de vista psicanalítico consiste na busca do prazer.
Por exemplo: um individuo sente prazer ao alimentar-se, tal comida lhe desperta prazer pelo seu sabor, mas isso, em nada tem a ver, com o ato sexual. Pois o ato sexual é apenas uma forma de exercício da sexualidade, que é algo muito maior e amplo.

FASES: ORAL, ANAL E GENITAL.

Freud (1997) definiu o desenvolvimento da sexualidade infantil através de três fases: Oral, anal e genital.
A fase oral seria a primeira, devido sua importante funcionalidade na alimentação do sujeito, segundo Freud o bebê sente prazer na sucção, fator importante para a amamentação, esse prazer na sucção segundo ele, fica mais evidente ainda, quando a criança tem por habito, sugar “bico” (chupeta), onde mesmo sem haver nenhum tipo de alimentação envolvida no ato, ainda assim, a criança permanece na atitude. Isso somente poderia ser atribuída a uma sensação de prazer, já que não se vê outro beneficio no ato.
Sigmund Freud também trás em Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, como esse prazer permanece após a fase adulta, evidenciando-se tal em demonstrações de afeto tal qual o beijo na boca, onde a questão oral diretamente ligada ao prazer se faz presente.
Na fase anal, o bebê desenvolve o prazer no ato de defecar, o que irá gerar seu controle neste, e o possível abandono das fraldas. Isso porque ao deixar as fezes saírem de seu corpo a criança sente um prazer, que deseja prolongar, para tal, se faz necessário um controle muscular do esfíncter. O que se faz imprescindível para sua vida, pois gera o controle de uma atividade fisiológica.
A ultima fase, a genital, propicia ao bebê, seu controle urinário. Nesse momento a criança descobre o prazer na área genital em si, mas esse prazer não possui conexão com o ato sexual, o prazer é gerado ao a urina passar pelo duto, ou canal. Desse modo, a criança ira buscar reter a urina na bexiga o maior tempo possível, pois ao liberar esta, quanto mais cheia a bexiga estiver, mais intensa será a pressão gerada pela mesma ao passar pelo canal, sendo assim, maior será o prazer da criança. Conforme Freud (1997), posteriormente, a criança irá descobrir também a possibilidade do prazer advindo do toque, o que irá resultar mais tarde na masturbação, mas ainda assim, segundo o autor, e seus estudiosos posteriores, essa masturbação envolve apenas auto-erotismo, ou seja, em nada tem a ver com o sexo oposto, o mesmo sexo, ou outro individuo em si; a criança apenas esta descobrindo a si mesma através de sua sexualidade. Diferente da masturbação adulta, que em geral envolve fantasias com outro ser, no caso da criança, não há esse fator no inicio, ela apenas busca o prazer em si, e em seu corpo.

MAMÃE, PAPAI? OU FUNÇÃO MATERNA E PATERNA?

Das fases, passemos as funções: materna e paterna, que exercem fundamental importância no desenvolvimento segunda à perspectiva psicanalista.
Segundo Freud, e a psicanálise advinda deste, é a relação do individuo com a função materna e com a paterna, que irá determinar sua estrutura de funcionamento. Funções, aqui entenda-se, que podem ser exercidas por qualquer sujeito, sendo que, a mãe pode exercer função paterna, e o pai materna, ou um destes, desempenhar as duas funções. Para Freud e sua psicanálise, a função materna é a saciedade das necessidades da criança, e a função paterna, é a estrada da lei, ou seja, o sujeito que desempenha papel regulador, castrando o individuo. A castração, termo para definir a limitação, sendo o fator que fará com que a criança entenda que sua mãe e ela, são coisas distintas, e que suas necessidades, não serão saciadas de imediato. 
A castração, esse ato de limitar a criança, exerce o fator principal na constituição desta. Caso haja uma castração “bem sucedida”, a criança tende a se estruturar na neurose, a estrutura mais comum à sociedade atual. Caso essa castração seja feita de maneira fraca, e titubeante, essa criança tende a se estruturar na perversão. Mas não havendo a castração, essa criança se torna psicótica.
É importante entender, que para a psicanálise, não há uma estrutura correta, sendo assim, o sujeito que se estrutura na perversão ou psicose, mesmo não sendo a estrutura mais comum, ainda assim, este terá uma vida habitual e normal, ou pode ter um surto, exatamente como qualquer neurótico está suscetível. As estruturas, em nada têm a ver com doenças, até mesmo porque dentro da psicanálise, o conceito de doença é totalmente relativo, se trabalhando muito mais, com a ideia de sofrimento e não doença. Desejamos mudar o que nos faz sofrer, definido também por Freud, como buscar o prazer evitando o desprazer.
Para melhor compreensão, vamos entender adequadamente as estruturas.
* Neurose: É a estrutura mais convencional, na qual se encontra inserida uma boa parte da população, trata-se do sujeito que “neurisa”, pensa acerca de tudo, às vezes pensando até em exagero, sente remorso por fazer o que em sua concepção é errado. Isso ocorre com a castração bem sucedida do sujeito, o que lhe da uma noção clara, do que é certo e errado, por isso seu remorso ao fazer qualquer coisa que considere errada segundo sua cultura e inserção social. A estrutura mais comum de atender-se em clínica.
Dentro dela, se subdividem outras três subestruturas:
- Neurose Histérica: Onde o individuo manifesta sintomas no corpo. Ex: Um cão morde minha perna, toda vez que eu vejo um cão minha perna dói, ou paralisa.
- Neurose Fóbica: O sujeito manifesta o sintoma, o projetando em um objeto esterno a ele. Ex: Um cão me morde, eu passo a ter medo de cães, projeto em todos os cães, o medo que um especifico me causou.
- Neurose Obsessiva: O sujeito manifesta o sintoma em atos. Ex: Um cão morde minha perna, e eu passo a ter o habito de coçar a perna sem motivo. Conhecido TOC.
A próxima estrutura é a Psicose: Esta se forma quando não há castração, ou seja, o sujeito não foi desligado da mãe, ela permaneceu satisfazendo seus desejos, sem que o individuo fosse confrontado com a realidade. Esta estrutura também se subdivide em três:
- Esquizofrenia: Onde muitas vezes o sujeito manifesta seus pensamentos de maneira externa a ele, ou seja, é como se o que ele pensa, fosse outra pessoa, resultado de uma distinção conturbada entre ele e o mundo. Não fica bem claro a este, o que é do outro, e o que é dele próprio, por este motivo ocorrem às alucinações, que em verdade, são simplesmente, a manifestação da mente do próprio, mas que a ele, parece algo esterno a si.
- Melancolia: A tristeza exagerada, e desanimo da vida e da existência, caracterizam os sujeitos desta estrutura.
- Paranóia: Uma constante sensação de perseguição e conspiração, o sujeito sente que sempre há alguém próximo desejando seu mal.
A terceira estrutura, Perversão, é a mais difícil ocorrer atendimento em clinicas de psicologia, está ocorre quando a castração é feita de maneira fraca, “mal sucedida”, é aquela situação onde a mãe do individuo lhe impõe regras, mas ela mesma quebra essas regras, ou incentiva que o filho o faça. Ou então, o pai põe regras, e a mãe autoriza o filho a quebrar essas regras. Ex: O pai fala para o filho que não deve brincar na rua à noite, mas quando escurece sua mãe diz: “Pode brincar, mas a hora que seu pai estiver chegando venha para dentro.” Isso dá para a criança a sensação de que a regra não é valida, existe, mas não há problema em quebrar a regra, desde que não seja pego. Esta estrutura também se caracteriza pela sensação de prazer na dor. Seja ela a própria (Masoquismo), ou alheia (Sadismo). Essa estrutura, segundo Dor (1991) lendo Freud, além das duas formas anteriores citadas, uma equivalência da outra, também possui o Voyeurismo, com seu equivalente Exibicionismo. Constando tais como formas de perversão definidas por Freud e seus seguidores.
É importante novamente frisar que isso não é necessariamente ruim, pois alguém que se beneficia da dor alheia, pode ajudar quem sente a dor, como é o caso dos médicos, psicólogos, bombeiros... é necessário fortes traços perversos, para conseguir manter a calma, e ser racional, diante da dor do outro.
É claro, também é importante lembrar, que a suposta rotulação da estrutura, não existe, pois todos os sujeitos, mesmo estruturados dentro de um delas, ainda possuem traços das demais estruturas psíquicas. E mesmo das subestruturas. Um sujeito inteiramente psicótico, ou somente perverso, ou totalmente neurótico, é coisa de literatura. Não uma situação real, pois tornasse quase impossível a sobrevivência social de um sujeito que possua apenas uma estrutura psíquica.

COMPLEXO DE ÉDIPO.

Um dos motivos causador de revolta nas teorias de Freud, esta situado no complexo de Édipo. Não bastasse Freud trazer a tona à sexualidade infantil, ele ainda diz: que o filho deseja eliminar o pai e tomar a mãe para si. O que as mentes medíocres e superficiais que criticam essa afirmação, não compreendem, é que quando Freud se refere a tomar a mãe para si, não está fazendo referencia a atividade sexual, que é de se presumir que em mentes “pervertidas” segundo o senso comum, seria a primeira coisa que imaginam, quando Freud se refere a tomar a mãe para si, é no sentido de ter o carinho e atenção desta, somente para ele, sem precisar dividi-la com o pai.
Quando a castração ocorre de maneira bem sucedida, como já definido neste anteriormente, o complexo desaparece, com a criança compreendendo que ela não pode ter a mãe para si, ao menos não sem dividir sua atenção com o pai, e de certo modo, ela começa a entender, que a relação que a mãe tem com o pai, é diferente da que ela tem com a mãe.
É importante lembrar que o complexo de Édipo ocorre tanto no menino, quanto na menina, e diferente do que inicialmente se pensa, para ambos o objeto de amor é quem cumpre a função materna. Ou seja, não é que o filho vai querer tomar a mãe para si, e a filha o pai. Na verdade, se o filho recebe carinho e atenção às suas necessidades por parte do pai, vai querer tomar o pai para si, afastando a mãe do pai. O mesmo equivale à menina, se é a mãe quem atende as suas necessidades, a filha vai querer afastar o pai, tomando a mãe para si. O inverso também sendo valido. O pai atendendo as necessidades da filha, e a mãe do filho. Lembrando a discussão do tópico anterior, pai e mãe dentro desta visão psicanalítica, são funções, não refletindo necessariamente os genitores.
A situação na qual a filha deseja tomar o pai para si, mesmo esse exercendo função paterna, onde ela deseja substituir a mãe, é definida por Freud como complexo de Electra, mas segundo Freud, isso não é recorrente. Não sendo por tanto merecedor de analises mais profundas. Já que o mais comum, é que ambos, tanto menino quanto menina, “sofram” do complexo de Édipo, desejando tomar para si, seu primeiro objeto de amor, a função materna, seja esta exercida por quem for.

ID, EGO e SUPEREGO.

Aliado as estruturas psíquicas e a sexualidade infantil, temos o ID, EGO e SUPEREGO.
O ID seria uma questão inicial, onde o sujeito não tem a dissensão do que é o mundo e ele, sendo assim, “eu quero eu faço” não há noção de propriedade, nem clareza do outro, seria uma fase anterior à castração. Pode se dizer de maneira selvagem, que o sujeito psicótico permanece nesse período de ID.
O EGO é o momento em que a criança começa a ter distinção de que a mãe, o mundo e ela, são coisas diferentes. O responsável por isso, é a função paterna. Como já tratado aqui antes, esta função pode ser exercida pela própria mãe, ou inclusive por um irmão. Quando um irmão exerce a função castradora, pode se dar de duas formas básicas; na primeira, esse irmão é mais velho, e entra com a lei, dizendo a criança o que é correto ou não ela fazer; em uma segunda possibilidade, esse irmão é mais novo, e demanda da mãe uma atenção maior do que o mais velho, sendo assim, a mãe não estará disponível para o irmão mais velho de maneira imediata, demonstrando a este, que a mãe e ele são coisas diferentes.
O SUPEREGO é o momento em que a criança compreende, que esta inserida em uma sociedade e cultura, e que se faz necessário que ela tenha uma forma de agir esperada, e que controle suas pulsões, do contrario não será aceita.

LINGUAGEM

Lacan, quando em releitura de Freud, trás para discussão e tornasse ponto forte em seus estudos, a questão da linguagem, que segundo ele, é a única forma de se possibilitar o desenvolvimento do individuo, como o ser humano que conhecemos.
A seguir é possível perceber a grande importância que Lacan da à linguagem.


Quando a criança vem ao mundo, ela já se encontra marcada por um discurso, no qual se inscrevem a fantasia de seus pais, a cultura e a classe social a qual pertence.
Tudo isso constitui o campo do Outro, lugar onde se forma o sujeito. Por essa razão, Lacan não só insiste na exterioridade do simbólico em relação ao homem, mas, também, na sujeição do homem à linguagem. Isso se explica pelo fato de que a estrutura da linguagem preexiste ao sujeito; seja qual for a língua que tenha que aprender para se comunicar com seu entorno sócio-cultural, a criança não a modifica, pois, na verdade, tem que se submeter a ela (MILLER, 2002, p.20 citado por: GOMES 2009 p.4).

“Fica evidente, então, que a Psicanálise, na interpretação de Lacan, consiste em uma construção teórica em que os processos comunicacionais são centrais.” (GOMES, p.6. 2009)
Para Lacan, a criança tem emprestado da mãe, ou como já vimos função materna, o vocabulário que não lhe pertence, é a mãe quem atribui a criança os significados, e seus sentimentos, segundo a teoria Lacaniana, a criança não possui vocabulário para expressar sentimentos, sendo assim a mãe lhe empresta o dela, dizendo o que o bebê sente. Quando o bebê sorri, é comum a mãe dizer, o bebê esta feliz; ou quando o bebê chora, a mãe diz: bebê esta triste, ou com dor, enfim, nessa faze inicial de vida, os sentimentos da criança são representados pela mãe.
Esse tópico tem por finalidade apenas apontar para onde seguiu a caminhada dos estudos psicanalíticos de Freud, Lacan e outros, Freudianos declarados, deram continuidade a suas obras, realizando novas leituras, buscando rever conceitos.
Uma das pessoas que deu sequência também aos estudos de Sigmund Freud, e criou suas próprias teorias, sendo um nome referencia no tratamento infantil, foi Anna Freud, filha de Sigmund. Mas como dito antes neste, nossa função e intenção não é discutir o desenvolvimento definido pelos seguidores de Freud, a intenção estabelecida, creio já ter sido cumprida, que era expor de maneira breve, como Freud definiu o desenvolvimento infantil, a sequência de seus seguidores não lhe pertence, sendo exposta aqui apenas como um apontamento de direção, caso seja de interesse de alguém buscar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Tendo sido aqui cumprido o objetivo de expor de maneira breve o desenvolvimento a partir da visão Freudiana, e ainda apontando para onde esses estudos deram seguimento, consideramos esse trabalho encerrado!

REFERÊNCIAS:

FREUD, Sigumund. Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. Imago. Rio de Janeiro, 1997.

DOR, Joel. Estruturas e clínica psicanalítica. Livrarias Taurus-Timbre Editores, Rio de Janeiro, 1991.

GOMES, Adriana de Albuquerque.

Linguagem e discurso na Psicanálise de Jacques Lacan. 2009. Disponível em: <http://www.cefetsp.br/edu/sertaozinho/revista/volumes_anteriores/volume1numero2/ARTIGOS/volume1numero2artigo1.pdf> Acessado em: 24/10/2014.

LEITURAS DE APOIO:

COSTA, Terezinha. Psicanálise com Crianças. Zahar 3º ed. Rio de Janeiro, 2010.

Jacques Lacan, o analista da linguagem. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/analista-linguagem-423050.shtml?page=1> Acessado em: 24/10/2014.

FERREIRA, Nadiá Paulo. Jacques Lacan: Apropriação e Subversão da Lingüística. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/agora/v5n1/v5n1a09.pdf> Acessado em: 24/10/2014.

VÍDEOS ASSISTIDOS PARA PRODUÇÃO DESTE TRABALHO:

A Sexualidade a partir da Psicanálise.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=mZ0rV1Ix40Y&feature=youtu.be> Acessado em: 24/10/2014

Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade de Freud – Introdução. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=aZSsUQ7yq8s&feature=youtu.be> Acessado em: 24/10/2014.


CRIANÇAS PRODUZIDAS PELA INDÚSTRIA

            Introdução:

      O presente trabalho tem por objetivo realizar uma analise acerca da visão que a sociedade atual (ano 2014) faz de suas crianças, mas principalmente, analisar a forma como a indústria atual vem bombardeando as crianças com sua publicidade, e descobrindo nelas, um novo cliente mais vulnerável, e manipulável.
      Para essa analise serão utilizados como material de pesquisa: recortes de revistas, publicidade impressa e pesquisas de bibliografias, bem como o artifício da internet.
     Através da analise do material, será buscado compreender, como as crianças e pré-adolescentes são vistos pela sociedade e pela indústria, a qual já percebeu o potencial consumidor que se encontra nesse publico.
  
      Indústria têxtil moda e lojas.

     A roupa infantil se altera de acordo com a época, bem como a adulta, que segue seus ciclos.
    Por volta do século XIII as crianças eram vestidas do mesmo modo que os adultos, como nos trás Philippe Aries (1981) em História social da criança e da família, “assim que a criança deixava os cueiros, ou seja, a faixa de tecido que era enrolada em torno do seu corpo, ela era vestida como os outros homens e mulheres de sua condição”. Ainda segundo o autor, a partir do século XIX que torna-se evidente as diferenças entre roupas infantis e adultas, pois em época medieval nada distinguia a roupa infantil e adulta se não o tamanho.
   Como é de se esperar de uma moda cíclica, (Moda, conceito atual) observamos novamente uma pouca diferenciação entre o traje infantil e adulto, se não, uma inversão de posições, como podemos analisar segundo o anexo: 01.
    A indústria têxtil segue tendências de venda, ou eventualmente cria suas próprias tendências, através de publicidade e jogadas de marketing.
    Com as crianças se espelhando nos adultos, ou seja, os utilizando como modelo de desenvolvimento (e nem sempre adultos que estão perto delas, e sim adultos da mídia. Principalmente televisão) parece à moda infantil estar novamente muito próxima do que sempre foi considerada a moda adulta, ao decorrer dos últimos anos. As crianças tendo cada vez mais feito valer sua opinião parecem ter cada vez menos interesse em vestir roupas com características infantis, como é o caso das roupas com estampas de personagens infantis, demonstradas no anexo: 02, páginas: 02, a 04, ou roupas coloridas, anexo: 02, páginas 08 e 09. A publicidade do anexo: 02 é pertencente à mesma empresa do anexo: 01, porém com uma diferença de um ano. Sendo o anexo: 02 de 2013 e o 01 de 2014.
     Vamos para a analise dos anexos. Como dito antes, no anexo: 02 podemos perceber a presença forte dos elementos infantis, como personagens de desenhos e contos, Barbie, Bem 10, Relâmpago Mc Queen e Marie, páginas 02 e 03. Porém no anexo: 01 a situação muda. Ainda no anexo: 02, para não fazer referência apenas à roupa de cama, peguemos os trajes propriamente ditos, (roupas) apresentadas nas páginas: 08 e 09, é perceptível tratar-se de roupas coloridas, com cores fortes e vibrantes (ano 2013), mas quando comparado ao anexo: 01, mais atual, percebemos que as roupas infantis apresentadas nas páginas: 24 a 27, apresentam cores mais sóbrias, como: preto, cinza, verde escuro, etc. Sem presença de personagens nem mesmo estampas infantis, demonstrada uma aproximação da roupa voltada para o publico adulto ou jovem do ano anterior. Já em contraponto a roupa jovem adulta parece seguir em direção contraria, no ano de 2014 apresentam-se extremamente coloridas e com presença de estampas chamativas, como apresentado nas páginas 01 a 23 do anexo: 01. Ou seja, as roupas infantis se tornam cada vez mais sóbrias, e próximas da adulto-jovem, enquanto esta segunda parece se “infantilizar” cada vez mais. Como dito antes, as crianças tomam por exemplo, os adulto, sendo assim tendem a buscar naturalmente uma aproximação deles, em atitudes e aparência. Daí a máxima “As crianças precisam mais de exemplos, do que conselhos” (Joubert).
     Em relação a esse desejo da criança e do adolescente de se tornar adulto, voltemos a atenção a um elemento de publicidade presente no anexo: 01, página 24. Encontramos a seguinte frase: “A Skinny agrada desde cedo as gatinhas mais antenadas.” Isso em uma página que apresenta uma roupa masculina voltada para uma criança ou pré-adolescente, um apelo claro a sexualidade em desenvolvimento do publico ao qual é direcionado o produto, mas ao mesmo tempo podemos ver nas páginas seguintes 26 e 27, elementos infantis no cenário. Uma utilização clara do conflito que o individuo sofre entre desejar ser adulto, mas sem querer deixar de ser criança, para fins lucrativos de venda. Atingindo esse individuo por ambos os lados. Lhe fornecem produtos com aparência adulta, mas sem deixar de incluir na publicidade algo infantil, da fase a qual ele tenta afastar-se gradativamente.
     Mas em busca de uma abrangência ainda maior de publico, a indústria têxtil, também possui ramos específicos para roupas tidas pelo senso comum como infantis, por mais que muitas vezes essas, agradem mais as mães, do que as crianças. Uma marca bastante famosa trata-se da Zig Zig Zaa, (disponível em: http://www.zigzigzaa.com.br/ acessado em: 23/06/2014) o vídeo de abertura do site, uma campanha publicitária de um minuto, deixa bastante clara a visão de criança tida pela empresa, ou a visão que a mesma quer repassar de criança, seu vídeo publicitário apresenta diversas crianças brincando, com bambole, cartola de mágico, se equilibrando em uma corda imaginaria, fazendo coisas tidas convencionalmente como de criança. Inclusive seu site, possui uma aparência extremamente infantil, com uma página de dicas de pedagogas. Uma clara utilização da criança como um público consumista, ou a utilização da visão que temos de criança, para fins consumistas. Mas os apelos consumistas direcionados a criança não param na indústria têxtil, não entraremos em mérito das indústrias de brinquedos e jogos, pois estas não apresentam novidades, desde seu principio, são voltadas diretamente ao público infantil. Mas alguns setores da indústria alimentícia, que em momento algum seriam ligados a este público, já estão se utilizando a algum tempo, de artifícios para atrair consumidores cada vez mais jovens.

         Indústria alimentícia.

      Uma coisa que surpreende de certo modo, é que a industria alimentícia também vem apelando para o publico infantil em áreas que costumeiramente, não era tido como produto voltado a crianças. Não nos surpreende um salgadinho frito, uma bolacha recheada, ou um pacote de balas, ter algum tipo de publicidade voltada ao publico infantil, pois são costumeiramente produtos consumidos mais, por estes mesmo. Mas o que dizer de patê de carne suína? Leite em caixa? Ou goiabada? Creio que de todos a goiabada seja o menos incomum, e que talvez remeta a criança em algo. No anexo: 04, vemos uma embalagem de patê, com a imagem de um desenho infantil muito famoso. The Flintstones ou na versão brasileira a qual passava em canal aberto de televisão, Os Flintstones. Logo em seguida no anexo: 05 temos parte de uma embalagem de leite, com a imagem de uma “vaquinha” muito feliz, uma imagem claramente infantilizada. Também no anexo: 06 Uma embalagem de goiabada, com a imagem do Piu-Piu, um canário da Warner Bros, que vive suas aventuras fugindo do gato Frajola, Piu-Piu ficou famoso pela frase “Eu acho que vi um gatinho”, um desenho muito famoso no Brasil, e esteve presente em diversos canais de televisão aberta.
     Percebemos nestes anexos, que a apelação ao publico infantil e clara e evidente, para não dizer “descarada”, há também de se dizer, que convencionalmente esses produtos são dispostos no mercado, à altura de um metro para baixo. Bem aos olhos das crianças, não que sejam produtos que elas não consumam, ou cause alguma estranheza o consumo deles por crianças. A questão é que, costumeiramente não se é compreendido tais produtos como sendo direcionados ao publico infantil. Mas a indústria alimentícia já se deu conta a muito tempo, da facilidade em iludir as crianças pelas imagens, e através delas convencer os pais (ou adultos) ao consumo.
  Essa temática foi abordada em sala de aula na matéria de Desenvolvimento, com a professora Maytê Coleto através de um filme assistido em sala, onde se discute essa questão, o quanto à indústria influi na visão que a sociedade faz de criança. Pois inevitavelmente a indústria, e principalmente a mídia tem uma forte influencia nas concepções de infância da sociedade atual, se alterando diversos conceitos antigos, deixando alguns de existir, e criando-se novos.

         Considerações finais
    Enquanto no Brasil não se tem leis que regulamentem os produtos e propagandas voltadas ao publico infantil, de maneira eficiente como ocorre em outros países, e nem se pode contar plenamente com a ética de alguns empresários, resta aos pais e responsáveis virar-se como podem diante do que seus filhos são submetidos. Que muitas vezes são simples propagandas de produtos como opções de escolha, em outras descarados apelos de consumismo, se utilizando de artifícios, “quase” imorais, manipulando sentimentos e desejos.
   É preciso que estejamos atentos, e não nos deixemos ser manipulados, e busquemos dar conhecimentos as nossas crianças, para que sim, aprendam desde pequenas a fazer suas escolhas, mas escolhas suas, e não de uma mídia que muitas vezes se demonstra irresponsável. Ou de empresas que agem em função exclusiva de seu faturamento.

       Referencias:

ARIES, Philippe.
História Social da Criança e da Família. LTC- Livros Técnicos e Científicos Editora S.A Rio de Janeiro - RJ. 1981.

Site da marca Zig Zig Zaa

(disponível em: http://www.zigzigzaa.com.br/ acessado em: 23/06/2014)


quinta-feira, 13 de julho de 2017

A METÁFORA DA CASA.

A psicanálise tem grande apreço pelas metáforas desde sua época freudiana, comparar a teoria a coisas de nosso cotidiano, é algo que facilita em muito a visualização dos conceitos. Para mim a comparação entre nosso psiquismo e uma casa, é uma das mais ricas metáforas, pois de maneira geral todos temos uma noção do que é uma casa, e também temos uma grande relação emocional com a ideia de lar, tornando essa metáfora de acesso a maioria, se não todos.
Nesse sentido, nosso psiquismo tem uma fundação, montada a partir do concreto fornecido por nossos cuidadores, em cima da qual nos estruturamos, na qual montamos as paredes com os tijolos que a sociedade nos fornece. Alguns tijolos nos são dados na escola, outra meia dúzia na casa de uma tia, mais meia dúzia em um acampamento de fim de semana, cada experiência vivenciada contribui com alguns tijolos para essas paredes, até o momento da castração, no qual a função paterna, ou para Lacan, o nome-do-pai, irá contribuir para essa construção que somos com o telhado, algo que de certo modo nos protege das intempéries, mas ao mesmo tempo nos limita, nos dizendo aqui é o mais alto, daqui você não pode passar.
Ao longo dos anos, vamos fazendo reformas nessa casa, casamos, o que nos obriga a ampliar a casa, construir mais um quarto aqui, talvez quebramos um pedaço da parede ali, para fazer uma nova porta ou janela, mas de maneira geral a fundação da casa permanece a mesmo, nos mantemos na mesma estrutura, por mais que oscilemos, ora com traços mais fortes de uma, ora de outra. Mexer na fundação dessa casa é quase impensável, pois teria que derrubar telhado e paredes, o que faria com que não sobrasse nada da casa, igualmente em nosso psiquismo, alterar uma estrutura, se o fosse possível, seria o equivalente a sumir com o próprio sujeito. Mas mesmo tendo essa fundação rígida, nada nos impede de pintar as paredes da casa, vez ou outra, trocar uma janela ou uma porta, movimentar os móveis dentro dela, muitas vezes até mesmo, após passar por um processo de analise acabar decidindo trocar os azulejos e talvez o forro. Nada é tão rígido e imutável quanto pode parecer.

Para entender como essa visão se aplica ao processo psicanalítico, assista ao vídeo.


domingo, 9 de julho de 2017

ASCENSÃO DO CAPITALISMO

João Vitor Wrobleski

É de conhecimento de quem estuda minimamente história, ou está por dentro do desenvolvimento da sociedade, o fato de ao longo dos séculos, haver uma variação relativa dos sistemas econômicos, não necessariamente um extinguindo o outro, mas muitas vezes, em convívio simultâneo em temporalidade, apesar de em geral, distinto geograficamente.
Ainda assim, o sistema econômico mais comum contemporaneamente, em maior geografia mundial, é sem duvidas o Capitalismo, “Me pague mil reais e lhe explico o porque!” Essa filosofia comumente atribuída ao capitalismo, pague por tudo, é o que vemos desenvolvida hoje, mas não significa que realmente precise ser de tal modo, lembremos que toda teoria pode ser manipulada por fanáticos de modo a representar muito além do que os próprios teóricos atribuem a tal. Mas de fato, hoje vemos uma supervaloração e extremismo do capitalismo na maior parte do mundo, mas busquemos entender como isso se deu inicio de modo tão amplo quanto temos hoje.
É importante entendermos o sistema vigente anterior ao capitalismo, em determinado período, o “velho mundo” passou por ocasiões conturbadas com invasões barbaras, e decadência das cidades, o que levou os proprietários de terras e “nobres”, a se refugiar nos campos, construindo grandes feudos para sua proteção e de suas famílias. Obviamente não é comum aos “nobres” trabalharem, surgindo assim, o sistema de servidão, não tão distinta da escravidão, onde quem não possuía terras para se refugiar, ou tinha terras, mas não meios de se proteger dos bárbaros, acabavam se submetendo a servidão de senhores feudais em troca de proteção. Essa servidão consistia em trabalhar no feudo (Grandes propriedades agrícolas, muradas com exercito próprio e autossuficientes em relação ao seu consumo) em troca de alimento residência e proteção (nada diferente da escravidão). Nessa época, como os feudos eram autossuficientes e os servos proibidos de transitar fora deles, a economia era individual de cada feudo, e a forma de ação em geral era representada por trocas de produtos. Somente mais tarde, começaria o uso de moedas, que nessa época não representavam uma necessidade.
Como todo sistema tende a falir e ser substituído por um novo, mais de acordo com os contextos da época, conforme a história nos mostra, o sistema feudal também entrou em seria decadência, com o passar do tempo esse tipo de sistema se torna obsoleto, os povos migraram em sua maioria para os campos, deixando as cidades desertas, os bárbaros que invadiam as cidades em busca de pilhagem, agora já não tinham mais o que roubar em cidades desertas, os feudos eram muito bem protegidos para que eles tentassem, o que enfraqueceu estes, que seriam um dos motivos principais do inicio do sistema feudal, sem mais a existência tão presente da ameaça, o próprio feudo começou a não ser mais representação de segurança, mas sim de prisão. É como hoje, vivemos em casas muradas, com alarme, câmeras, cerca,... Se vivêssemos em uma sociedade onde a insegurança não fosse tão grande, nos soaria ridículo nos submetermos a esse tipo de “prisão”, o medo e insegurança é o que nos faz aceitar sermos reféns de nossa própria segurança. Mas vemos facilmente com breve analise, as diferenças entre cidades pequenas e grandes capitais, em cidades pequenas, onde em geral a criminalidade costumava ser menor, nem sempre, em geral em cidades com menos índice de criminalidade, é comum vermos casas de muros baixos, pessoas com residências abertas e sem medo de roubos. Ou seja, quando não há ameaça real, as pessoas dificilmente apresentam grandes temores, e em geral, quando existiu a ameaça, mas está desapareceu, pelo percurso histórico, as pessoas tendem a perder o medo, e o que outrora representou segurança, agora é visto como aprisionamento.
Obviamente uma grande mudança de sistema, não ocorre de um dia para o outro, e por um único motivador, mas sim, um conjunto de fatores, que ao decorrer de um longo tempo influenciam mudanças significativas. Nesse caso, em conjunto com o enfraquecimento da ameaça bárbara, incluímos os comerciantes, que por motivos favorecedores transitavam entre os feudos, as brechas de alguns senhores feudais, que começaram a permitir que seus servos comercializassem fora dos feudos, até mesmo por fins lucrativos do próprio feudal, tudo isso em conjunto fez com que os feudos fossem entrando no mesmo processo de decadência, que anteriormente as cidades, haviam experimentado.
Com a decadência dos feudos, as cidades começaram a ser povoadas novamente, se fortalecendo o comercio, em detrimento da produção agrícola. {Abrindo aqui um pequeno recorte, apenas para lembrar, que estamos falando da Europa, África e Ásia que nessa época, não eram denominadas desse modo, mas territorialmente estamos falando daquela região, porem em outras partes do mundo temos histórias totalmente distintas e de outros sistemas socioeconômicos; por exemplo, poucos estudos e valorização se têm de como era o sistema socioeconômico das Américas nessa época, nossa mania de estudar a cultura europeia nos faz cair em uma hipocrisia de ver o mundo a partir do “velho mundo” nos esquecendo de que representam metade do planeta, não mais que isso.}
Com o comercio se fortalecendo, ocorrem acordos entre a burguesia (comerciantes), para favorecerem suas necessidades, primeiro criando uma moeda única para o território, tendo para isso apoio do rei, mais um golpe nos feudos, já em decadência. Posteriormente virão mais medidas econômicas e politicas, que derrubam de maneira destruidora os feudos, fortalecendo cada vez mais o comércio, e repovoando as cidades.
O comercio se encontra cada vez mais forte, mas ainda bastante artesanal, o meio de produção completo está na mão de uma pessoa, exemplo, o sapateiro beneficia o couro, corta, costura e entrega o sapato pronto. Mas essa produção é demorada e de pequena escala.
Na segunda metade do século XVIII, segundo Divalte (2005) iniciou-se um intenso processo de mecanização, onde a produção começou a deixar de ser de pequena escala concentrada na mão do artesão, para se tornar de grande escala dividida entre funcionários de uma fabrica. Os processos de produção deixam de pertencer a um artesão e se tornam divididos e sem ligações, um funcionário, produz apenas parte de uma “coisa” e não mais uma arte completa, como antes.
Isso facilita a velocidade e quantidade de produção, possibilitando um lucro maior, isso em conjunto com o novo habito da moeda unificada, possibilitou o enriquecimento de proprietários de fabricas de um modo exorbitante. Dando ai o grande Boom do capitalismo, a concentração máxima de capital (nesse caso dinheiro nas mãos de “alguns”) (DIVALTE, 2005)
Por volta de mil setecentos e noventa, o povo francês revoltado com a exploração do rei ao povo, e com a situação econômica decadente do país, exige mudanças politicas. Não suportam mais sustentar uma família real patética que come às custas do povo sem utilidade alguma. Revoltados o povo inicia uma grande revolução politica. Essa revolução levará a alteração do sistema politico e irá não somente afetar a Europa, mas segundo Divalte (2005) afetará o mundo todo.
Uma revolução no modo de produção, que possibilitou uma maior produtividade e geração de renda alta (mesmo que para poucos), uma nova forma de politica que incentiva o acumulo de bens e a meritocracia, além de novas interpretações religiosas como a protestante de Martinho Lutero, que trazem o acumulo de bens como sendo algo digno e merecido, e não como pecado da forma que a igreja inquisitiva colocava. Tudo isso em conjunto serviu de solo fértil para a ascensão do capitalismo, que para muitos é uma arvore bela e cheia de frutos, e para tantos outros tratasse de uma erva daninha a ser eliminada.
Fica aqui minha critica pessoal, aos críticos do sistema econômico:
Durante a monarquia reis acumulavam bens de maneira absurda enquanto o povo passava fome, não sendo diferente, no período dos senhores feudais. Entre os macacos, no seu bando, sua forma de organização social, o alfa, é acumulado de benefícios, em relação a alimento, deleite das fêmeas e questões territoriais, restando aos outros do bando, se contentar com o que o alfa os permite. Por tanto, a concentração de lucro e benefícios nas mãos de poucos, é algo que vai para além da nossa espécie, englobando inclusive outras espécies animais. Então vamos para de hipocrisia de agir como se as coisas somente fossem desiquilibradas unicamente por culpa do capitalismo. “O Homem é o lobo do homem” (THOMAS HOBBES). Nicolau: Nós somos responsáveis pelas injustiças, desigualdades e maldades, não um sistema politico ou econômico, pois os sistemas são comandados por homens, não por maquinas, ainda! Ou seja, em uma perspectiva Sartreana, nós somos o que fazemos e decidimos ser. E nossos sistemas políticos, religiosos e econômicos são reflexos do que somos.

REFERÊNCIA:

DIVALTE, G. F. História. Ática, 2ª ed. São Paulo S.P. 2005.

ANALISE DO RITUAL DE FESTA A FANTASIA DA TRIBO IRATYM.

JOÃO VITOR WROBLESKI

Trabalho apresentado ao prof. Dr. Rafael Massuia
na disciplina de Antropologia,
como requisito parcial de avaliação semestral.

ANALISE DO RITUAL DE FESTA A FANTASIA DA TRIBO IRATYM.

Este pesquisador que lhes escreve nesse momento, ao longo de dois anos consecutivos participou diretamente de um ritual realizado pela tribo Iratym, intitulado Festa a Fantasia e agora através deste breve texto pretendo expor um pouco sobre esse ritual que parece ter nesta tribo especifica um significado muito especial principalmente entre os integrantes adolescentes, os quais o valorizam de maneira intensa, chegando a se preparar para tal acontecimento ao longo de dois a três meses.
  
A TRIBO IRATYM

Essa tribo tem aproximadamente ao que nos consta de pesquisadores anteriores aproximadamente 109 anos, estando situada na região ao sul da América do Sul, estando a 2671 quilômetros de outra importante tribo da América, a tribo de Machu Picchu. A tribo Iratym conta com aproximadamente 56 mil integrantes, tendo estes vindo de diversas partes do mundo e mesclando-se aos nativos da região, nesse local ocorreu uma grande infestação de estranhos principalmente dentro de um remoto período de guerras, onde diversos membros de outras tribos que não possuíam condições de se proteger, refugiaram-se nessa região em uma covarde atitude de sobrevivência. Essas infestações poluíram em muito a cultura original da região deturpando-a e a aproximando da cultura das tribos europeias.
  
O RITUAL DA FESTA
  
Esse ritual do qual tive a oportunidade de acompanhar de muita proximidade, tendo eu também contribuído diretamente na organização do mesmo, nós parece um ritual de grande importância não apenas para essa tribo, mas diversas outras de seu entorno que se deslocam até mais de 150 quilômetros para participar do mesmo, sendo que seu preparativos podem levar mais de três meses.
O evento consiste em uma grande festa, que inicia-se as 23 horas e dura em geral até as 10 horas do dia seguinte. Realizado sempre anualmente no mês de outubro. É organizado um local especifico com diversos ambientes diferentes montados em tendas, cada qual com um ritmo musical próprio independente, sendo que os participantes podem ao longo do ritual deslocar-se de uma tenda a outra.
Os ritmos musicais são variados e em geral apresentam-se em alto volume, quase ensurdecedor a ouvidos sensíveis e desacostumados. Os integrantes se amontoam nos espações sendo difícil o deslocamento.
Cremos aqui que um do cerimoniais mais importantes do ritual, tem sua realização antes do inicio do mesmo, consistindo no ato de fantasiar-se de diversas figuras, alguns integrantes optam por fantasiar-se de figuras comuns do dia a dia da tribo, figuras com representação profissional na mesma, enquanto tantos outros fazem as mais inusitadas escolhas, se fantasiando de personagens da mitologia local e mundial. Em um dos anos que tive a oportunidade de presenciar o ritual, um dos integrantes fantasiou-se de órgão genital masculino. Muitas vezes indivíduos machos da tribo se fantasiam de fêmea e vice-versa.
A maquiagem parece consistir em um aspecto importante e valorizado no processo, já que se apresenta como abundante nas faces.
Alguns indivíduos produzem suas próprias fantasias, enquanto tantos outros pagam por elas.
Durante a realização de tal evento, os membros da tribo além de perambularem pelos espaços com o som ensurdecedor presente, também fazem constante ingestão de substâncias alcoólicas e de outras naturezas psicoativas. Por diversas vezes se vê álbuns desses membros tendo acessos de vomito e desmaios oriundos desse consumo desenfreado, mas isso parece motiva-los ainda mais a essa ingestão, sendo que alguns somente sessão, quando entram em um coma motivado pelo excesso de toxina no organismo.
Ao longo do ritual presenciamos por vezes atos de coito, em algumas vezes reservados em cantos, outras vezes mais evidentes em meio aos outros integrantes. O que é vivenciado com naturalidade e com constância são os atos preparatórios para um possível coito, um deles consistindo em um ritual bocal, onde dois membros tocam os lábios introduzindo a língua um dentro do orifício bucal do outro, vemos tal ritual ocorrendo com naturalidade o tempo todo durante o evento festivo.
Uma das coisas que também chamam atenção desse pesquisador que vos escreve, é o fato de que algumas das fêmeas dessa tribo que ao longo da vida cotidiana apresentam um comportamento extremamente puritano, sendo capazes de se ofender diante da menor investida sexual de um macho, durante a festa, ingerem grande quantidade de álcool e praticam intercurso sexual com diversos parceiros, sem demonstração de muito pudor. Algumas não o fazem durante o evento se resguardando para praticar tal ato com o membro que a levará confortavelmente para casa.
Esse ritual que a nós pode parecer muito estranho é praticado por membros de diferentes idades, mas sendo mais comum a presença de adolescentes e jovens entre 18 a 30 anos, mas não parece ser incomum a entrada de adolescentes com 16 anos, sendo que somente ficam realmente proibidas da participação as crianças da tribo. O ritual não parece apresentar uma finalidade prática, pois ao final nada é construído de contribuição à tribo como um geral. E sendo por alguns membros da tribo questionada a sua realização, principalmente aqueles que residem nas proximidades e não participam.
Nos parece bastante pertinente questionar o porque da realização de um evento que não constrói algo efetivo para uso diário da tribo, e deixa a saúde de vários membros participantes debilitada.
O que pode nos parecer ainda mais estranho, é o fato de tal evento não parecer ter também nenhuma representação religiosa, ou de adoração a uma divindade especifica.
Ainda assim, diante de uma inutilidade prática e religiosa, essa festa segue sendo realizada ao longo de anos, sendo para ela mobilizados diversos recursos, tendo um alto investimento libidinal, tanto de quem realiza sua organização quanto de quem participa de sua realização efetiva. Seguimos ainda em um certo aspecto de desentendimento do sentido especifico desse evento. Somente podendo acrescentar, que talvez se faça necessário mergulhar de maneira mais profunda na cultura desse estranho povo, para compreender melhor esse ritual que a principio pode nos parecer tão fútil e sem sentido.


GESTALT


“Coisa estranha essa profissão. Cheia dos sabores. Cheia das possibilidades. Cheia de possíveis disfarces. Condenada à solidão pessoal pela proximidade com a alma alheia. Abençoada em alguns encontros... E o que nos mantém nesse percurso? Será a onipotência, a loucura, a teimosia?
A fé, acho...”

(JULIANO, 1999, p. 120).


GESTALT

SIGNIFICADO

            A palavra Gestalt, não possui tradução exata, assim como a palavra saudade da língua portuguesa pode ser dado significado em outra língua através de uma frase, do mesmo modo ocorre com Gestalt. À saudade, pode em outro idioma ser definida, com frases no idioma referente, como: Falta de algo ou alguém; Sentir falta;... entre outras, mas não há em outros idiomas uma única palavra para definir a frase toda, como ocorre  na língua portuguesa, “saudade”. Esse fenômeno ocorre com certa frequência na psicologia, as palavras de origem alemã não encontram correspondência na língua portuguesa, muitas vezes nem em outros idiomas. A frase mais próxima encontrada para dar significado à palavra Gestalt em nossa língua, é a psicologia da forma. Mas assim como falta de alguém, não é a tradução de saudade, do mesmo modo “Forma” não é a tradução de Gestalt, trata-se apenas de uma forma de dar significado[1].

GESTALT EM SI

            Espero que superada a dificuldade do significado; vamos compreender do que realmente se trata a Gestalt.
            Comecemos por uma definição breve, de duas outras escolas da psicologia, apenas com a finalidade de situar melhor o leitor deste texto. O Behaviorismo (comportamental) compreende o ser humano através de seu comportamento observável, ou seja, somente é fator de interesse à Comportamental, o que pode ser observado no individuo. Esse comportamento expresso é colocado pela Comportamental, como uma reação ao ambiente no qual o individuo está inserido. Sendo assim, o ambiente vai definir a atitude (comportamento) do individuo[2]. A contrapor isso, surge mais recente a Psicologia Cognitiva, que define que o ambiente não determina por si a atitude do individuo, pois este possui um processo cognitivo, ou seja, tratasse mais de como o individuo interpreta seu ambiente através da cognição (mentalidade que engloba: memória, raciocínio e os demais processos mentais). Mas anterior a Cognitiva, já a Gestalt contrariava a Comportamental, dizendo que um individuo pode reagir de maneiras diferentes a um mesmo estimulo, dependendo de como ele vê esse estimulo. Sendo assim, não tratasse de apenas estimulo – resposta, mas sim como os sentidos desse individuo recebem, e interpretam esse estimulo.
            A Gestalt como interpretação, ou dar forma ao que se vê, surge na Alemanha por volta de mil novecentos e vinte[3], mas a Gestalt-terapia surgiria mais tarde com “Friedrich Salomon Perls (Fritz Perls), mentor da Gestalt-Terapia[4]”. A Gestalt em si surgiu como um estudo da forma, como nossa visão capta e interpreta as coisas, sendo a curiosidade da época, a ilusão de óptica[5]. Essa foi à proposta da Gestalt.

Eles iniciaram seus estudos pela percepção e sensação do movimento. Os gestaltistas estavam reocupados em compreender quais os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na realidade. (BOCK; et.al. 2001, p. 77)

A PERCEPÇÃO
A percepção é o ponto de partida e também um dos temas centrais dessa teoria. Os experimentos com a percepção levaram os teóricos da Gestalt ao questionamento de um princípio implícito na teoria behaviorista — que há relação de causa e efeito entre o estímulo e a resposta — porque, para os gestaltistas, entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo, encontra-se o processo de percepção. O que o indivíduo percebe e como percebe são dados importantes para a compreensão do comportamento humano. (BOCK; et.al 2001, p. 77)

            Vê-se no trecho de Bock, o conflito entre Comportamental e Gestalt referido anteriormente, para a Gestalt, não basta o estimo para haver a resposta do individuo, pois esse individuo, vê o mundo a seu modo, e o interpreta. Isso faz com que diferentes indivíduos, tenham diferentes reações a um mesmo estimulo. “A Gestalt irá criticar essa abordagem, por considerar que o comportamento, quando estudado de maneira isolada de um contexto mais amplo, pode perder seu significado (o seu entendimento) para o psicólogo.[6]
            A Gestalt de certo modo, também contraria a visão empirista positivista, pois demonstra claramente que nossos sentidos podem nos enganar. Esses enganos geram diferentes interpretações de um fato.

            Campo psicológico:

O campo psicológico é entendido como um campo de força que nos leva a procurar a boa-forma. Funciona figurativamente como um campo eletromagnético criado por um ímã (a força de atração e repulsão). Esse campo de força psicológico tem uma tendência que garante a busca da melhor forma possível em situações que não estão muito estruturadas. (BOCK, et.al. 2001. p. 82)

            Princípios base que norteiam o campo psicológico para a Gestalt.
            1- Proximidade.

Imagem: 01[7]



            Vemos três colunas, e não três linhas, ou simplesmente dezoito círculos pretos distribuídos, isso ocorre pela proximidade.

Imagem: 02




            Na figura 02, igualmente na 01, temos dezoito círculos preenchidos de preto, mas dessa vez o que vemos são três linhas, e não mais colunas, mesmo se tratando da mesma quantidade de círculos e mesmo tamanho. Simplesmente alterando sua distribuição geográfica, temos uma nova interpretação da imagem.

Imagem: 03



            2- Semelhança.
            Agrupamos os elementos semelhantes.

Imagem: 04



            Três linhas                                                      Três colunas

            Mesmas figuras (circulo triangulo e quadrado) distância semelhante entre elas, duas interpretações diferentes. Por que vemos três linhas, e não cinco colunas na primeira parte da imagem? Ou cinco linhas, ao invés de três colunas na segunda parte?






            3- Fechamento
            Completamos as lacunas buscando uma compreensão do que vemos.



Imagem: 05




            Vemos dois triângulos, e não apenas traços aleatórios, por mais que nenhum deles esteja devidamente completo. Isso ocorre porque nossa mente busca completar as lacunas, associando a imagem a algo conhecido.
            Por isso muitas pessoas encontram dificuldades em aprender algo para o qual não conseguem definir utilidade pratica na sua vida. Nossa mente busca evitar informações incompletas.

            4- Unidade[8]
            “A Lei da Unidade diz respeito à conceituação de um elemento, que pode ser construído por uma única parte, ou por várias partes que em conjunto constroem este elemento. Veja o exemplo”[9] na imagem 06.


Imagem: 06


O “T” é uma unidade visual contínua, que fecha em si mesma. Entretanto, o “E” é uma unidade visual composta por quatro partes, formando um só elemento.
Os elementos de uma imagem podem ter relações formais com elementos dentro do todo, formando subunidades. As partes podem ser percebidas por sua cor, textura, traçado, volume e/ou outros dentro de um mesmo elemento. (http://www.designculture.com.br/leis-da-gestalt-unidade-e-segregacao/unidade/ acessado em: 08/06/2014)


            5- Segregação[10]

Esta Lei fala sobre a capacidade que o cérebro tem de perceber, identificar, separar e destacar informações dentro de uma composição. Isto pode servir para definir hierarquias ou diferenciar partes da composição/unidade.
Dependendo do contraste, peso ou estímulo causado pelo elemento visual, ele terá mais destaque ou se diferenciará de outros elementos da mesma composição. (http://www.designculture.com.br/leis-da-gestalt-unidade-e-segregacao/unidade/ acessado em: 08/06/2014)

(Como este trabalho será impresso em preto e branco, neste exemplo me utilizarei de efeitos de preenchimento, para representar as cores da bola de sorvete.)

Imagem: 07


            “Esta linda e deliciosa bola de sorvete napolitano é composição visual. Que tal considerarmos seus sabores como a segregação das informações, separados pela cor, dentro do mesmo elemento? Continua sendo uma bola de sorvete.”[11]


            6- Unificação

A Unificação é a igualdade/harmonia dos estímulos visuais transmitidos pelos elementos visuais que constroem uma composição. Quanto melhor o equilíbrio dos elementos visuais, maior é a sensação de Unificação.
Um exemplo bem simples é o do aro da bicicleta. Os raios estão distribuídos de forma tão simétrica e tão harmoniosa que parecem estar unidos. (http://www.designculture.com.br/leis-da-gestalt-unidade-e-segregacao/unidade/ acessado em: 08/06/2014)

            7- Continuidade

A Continuidade é a Lei da Gestalt a respeito da fluidez de uma composição. Se os elementos de uma composição conseguem ter uma harmonia do início ao fim, sem interrupções, podemos dizer que ele possui uma boa continuidade. Esta harmonia pode ser feita através de formas, cores, texturas, etc. Por exemplo: uma paleta de cores que começa no tom mais escuro e termina com o tom mais claro.
A continuidade é importante para que o cérebro decifrar melhor o código visual de uma composição. Ou seja, facilitar a compreensão e a comunicação de uma peça gráfica, por exemplo. Em uma linha contínua de pontos, nosso cérebro reconhece aquela continuidade como uma linha. Assim ele não precisa decifrar cada forma (que seriam os pontos). (http://www.designculture.com.br/leis-da-gestalt-unidade-e-segregacao/unidade/ acessado em: 08/06/2014)

INSIGHT

A Psicologia da Gestalt, diferentemente do associacionismo, vê a aprendizagem como a relação entre o todo e a parte, onde o todo tem papel fundamental na compreensão do objeto percebido, enquanto as teorias de S-R (Associacionismo, Behaviorismo) acreditam que aprendemos estabelecendo relações — dos objetos mais simples para os mais complexos. Exemplificando, é possível a uma criança de 3 anos, que não sabe ler, distinguir a logomarca de um refrigerante e nomeá-lo corretamente. Ela separou a palavra na sua totalidade, distinguindo a figura (palavra) e o fundo. No caso, a criança não aprendeu a ler a palavra juntando as letras, como nos ensinaram, mas dando significação ao todo. (BOCK; et.al. 2001. p. 83)


Imagem: 06


Fonte: (BOCK; et.al. 2001. p. 82)

A conhecida logomarca da Coca-Cola é destacada do fundo pela criança, que identifica a figura como se soubesse ler a palavra.

            Atualmente o que temos em certo destaque é a utilização da Gestalt-terapia, que segue princípios da psicologia gestáltica, mas não se trata da Gestalt psicologia de 1910, data aproximada. Segundo Schultz & Schultz, O psicólogo Franz Brentano (1838-1917), da Universidade de Viena, se opôs ao foco de Wundt sobre os elementos ou conteúdo da experiência consciente, tendo proposto que a psicologia estudasse, em vez disso, o processo ou ato da experiência. Assim sendo, ele foi um precursor do movimento gestaltista formal. Ele considerava a introspecção wundtiana artificial, favorecendo uma observação menos rígida e mais direta da experiência tal como ela ocorre, mais ou menos como o método ulterior da Gestalt (1992). Mas o movimento Gestaltista em si, surgiria em 1910[12], com Max Wertheimer, a partir da observação de um estroboscópio, que desperta sua curiosidade em relação a ilusão de óptica, e como as diferenças de luz e posição interferem na observação (Schultz & Schultz 1992). Considerando que a psicologia é uma ciência que essencialmente depende de seu observador, para interpretar os fenômenos tanto na área de atendimento psicoterapico, quanto na pesquisa acadêmica, se conota aqui a importância de compreender o quanto os sentidos do observador podem enganá-lo. E o que o cérebro humano faz realmente com as informações sensoriais que recebe.
            Tendo sido melhor definida a psicologia Gestalt, voltemos a Gestalt-terapia. A Gestalt-terapia segue princípios da Gestalt, mas não se resume a isso, ela também se utiliza de princípios humanista, zen budista, fenomenologia existencialista, psicodrama e teoria de campo, a Gestalt-terapia vê o ser humano como um todo, e não apenas junção de partes, isso ela herdou diretamente da psicologia Gestáltica, pois a Gestalt afirma, que a somas das partes é igual a algo maior e mais completo, e não apenas as partes juntas.[13] Fazendo uma analogia que talvez não seja do agrado de todos, mas exemplifica bem está questão: 1+1 é igual a 2, e não II, ou seja, um mais um, gera um terceiro símbolo, o 2, e não apenas a junção de I+I = II.
            A Gestalt-terapia em sua filosofia de atuação busca a solução no presente, contrariando a psicanálise, que vê a formação do individuo no passado.
            A Gestalt-terapia, segue do principio de que o individuo está em constante formação, a partir de suas experiências diárias, não estando pronto desde a infância, como de certo modo
“prega” a psicanálise[14], “A Gestalt-terapia se apega mais aos para que, do que porquês.[15]” Para que eu faço ou pretendo fazer isso, e não porque faço, como busca compreender a psicanálise.
            A Gestalt-terapia afirma que há três elementos essenciais ao ser humano para sua felicidade, eficácia e completude, eles são o auto-conhecimento a satisfação e o auto-apoio. Inevitável comparar neste aspecto de certo modo a Gestalt-terapia a abordagem Cognitiva, onde ambas preocupam-se com a libertação do ser, e vêem o ser como algo desenvolvido a partir de vários fatores, não somente sua infância, nem exclusivamente motivado pelo ambiente. A Cognitiva defende que o ambiente é interpretado pelo ser, a partir de sua cognição (memórias, crenças e outros), já a Gestalt questiona a própria visão do mundo a volta desse ser, literalmente no aspecto do olhar, pois quando a Gestalt iniciou seus estudos a respeito das ilusões ópticas, deixou claro o fato de nossos sentidos nos enganarem, e que os indivíduos não vêem o mundo do mesmo modo, nas figuras encontradas no Google imagens[16], é perceptivo as diferentes interpretações e visões que cada um da, a cerca de uma mesma figura. Ou seja, nossos sentidos podem nos enganar ao receptarem o mundo a sua volta, e nosso cérebro dará uma interpretação própria ao que nossos sentidos captaram, isso demonstra o quanto é superficial ignorar o individuo, e se apegar somente a um aspecto, se atribuirmos a formação do individuo unicamente a sua infância, estaremos ignorando o quanto as experiências diárias interferem em sua visão de mundo, além de o quanto o ambiente onde esse individuo está inserido, pode interferir em seu modo de pensar. Igualmente se atribuirmos tudo ao ambiente, como uma simples ação reação, ou estimulo resposta, ignoramos toda a interpretação de mundo do ser, e sua mentalidade construída desde a infância até o momento atual. Fosse o ambiente responsável pela formação do individuo, todo morador de favela seria traficante, todo carioca seria fã de carnaval, “e todo político seria ladrão”. Mas sabemos que tais afirmações são preconceituosas, pois a forma como esse individuo vê o ambiente o qual o rodeia (Gestalt), a forma como ele interpreta o ambiente no qual está inserido (Cognitiva), em conjunto com sua história de vida (Psicanálise), fazem suas atitudes e seu pensamento, mas tal ser, não é imutável, apesar de termos uma mentalidade formada, nossa vida nos modifica constantemente “... o mais importante e bonito, do mundo, é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.” (Guimarães Rosa. 1994. p. 24 e 25)

ASPECTOS DA PESQUISA

            Durante a elaboração desta pesquisa bibliográfica (e pode se dizer também “videografica”, pois os vídeos assistidos tiveram significativa contribuição) encontrei muitas dificuldades na busca de materiais, os livros os quais tive acesso, que não foram tantos quanto gostaria, além de antigos, os demonstram-se de dois aspectos diferentes, ou de difícil compreensão quando mais completos, ou os de mais facilidade de compreensão, demonstraram-se incompletos, deixando lacunas a serem preenchidas.
            Outro fator que me incomodou durante a pesquisa, foi o fato de pouco do material encontrado sobre a Gestalt, ser da área psicológica. Se encontra muito material em sites de publicidade e comunicação, isso de certo modo demonstra a multidiciplinariedade da Gestalt, mas por outro lado, como estudante de psicologia, seria de muito apreço para mim, se houvessem mais materiais disponíveis, produzidos pela nossa área, pois atenderiam de maneira mais eficaz ao meu desejo de conhecimento.
            Em contato com sociedades gestáltica e laboratórios da área, através do recurso de e-mail, não obtive resposta.
            A dificuldade em encontrar material, a complexidade do material encontrado, em conjunto com a pouca disponibilidade das associações que atuam na área, me trazem uma relativa preocupação, apesar da maioria dos vídeos assistidos trazerem uma perspectiva boa para a Gestalt, eu me questiono em relação à realidade desta perspectiva, pois a dificuldade de acesso às informações, seja essa dificuldade causada pela falta de material, ou pela complexidade exagerada, pode desestimular possíveis candidatos à atuação da mesma, e bem se sabe, área sem profissionais de atuação, não existe. Por tanto, seria de grande utilidade, a psicologia investir em produção nesta área, tanto para a Gestalt ciência, que parece ter ficado perdida no tempo passado, somente sendo lembrada pelos publicitários, quanto também, investir na área da Gestalt-terapia, como mais uma alternativa de tratamento da Alma humana.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            A Gestalt demonstra ao ser humano, o quanto é vulnerável o sentido que mais confiamos; a todos que possuem sua visão, na grande maioria supervaloriza este sentido. Para perceber isso, basta prestar atenção em uma reação clássica. Se uma pessoa ouve um barulho do lado de fora da casa, ela para e se concentra tentando entender o que ouve? Em geral sua primeira atitude, é correr para VER o que é. Porque confiamos muito mais na visão do que nos demais sentidos. Mas até onde nossa visão é digna de confiança? Os olhos captam, mas é nossa mente quem vê!
            A Gestalt-terapia, vem em uma abordagem compreensiva dessa questão gestáltica, o sujeito a partir de sua visão de mundo. Em uma abordagem humanista, a Gestalt-terapia compreende o ser humano como um ser vivo, liberto, e capaz de escolhas, sem ser uma peça do tabuleiro de xadrez, sendo comandado pelo ambiente, ou por seu passado. O ser humano tem sim um passado, mas interpreta esse a seu modo; e está inserido em um ambiente, mas ao mesmo tempo que é modificado por ele, também o modifica. Vê as coisas a seu modo, e tem o poder de comandá-las, não é comandado por elas.







REFERÊNCIAS:


BOCK, A. M. B. ; FURTADO, O. ; TEIXEIRA M. L. T.
PSICOLOGIAS: uma introdução ao estudo de psicologia. Saraiva 13ºed. 2001.

GUIMARÃES ROSA, J.
GRANDE SERTÃO VEREDAS, Nova Aguilar. 1º ed. 1994.

SCHULTZ, D. P. ; SCHULTZ, S. E.
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA MODERNA
Editora Cultrix São Paulo-SP 5º ed. 1992.

TORRES PRESTRELO, E.
 A HISTÓRIA DA GESTALT-TERAPIA NO BRASIL : “peles-vermelhas” ou
“caras-pálidas”?
Disponível em: http://www.laboratoriogestaltico.uerj.br/publicacoes/equipe/eleonora-historiadagestaltclyo.pdf  Acessado em: 07/06/2014.

Site acessado: http://www.designculture.com.br/leis-da-gestalt-unidade-e-segregacao/ Acessado em: 08/06/2014.





VIDEOS REFERÊNCIADOS:

http://youtu.be/rupEMDcTjAg          Acessado em: 09/06/2014

http://youtu.be/eMllpoTU6gg            Acessado em: 07/06/2014




LISTA DE VÍDEOS ASSISTIDOS PARA A PRODUÇÃO DESTE TEXTO.

http://www.youtube.com/watch?v=HnCTWREg5yY&list=PLEF26A16BB5A6876D&feature=share               Acessado em: 07/06/2014

http://www.youtube.com/watch?v=oU8pzWlGPK4&feature=share&list=PLEF26A16BB5A6876D&index=1             Acessado em: 07/06/2014

http://www.youtube.com/watch?v=qhLe4gAtYPc&list=PLEF26A16BB5A6876D&feature=share&index=2               Acessado em: 07/06/2014

http://www.youtube.com/watch?v=Gajh7nwNX8Q           Acessado em: 08/06/2014




[1] Creditei necessidade desta explicação detalhada, pois pessoalmente sempre encontrei uma enorme dificuldade em compreender, como pode uma palavra não possuir uma correspondência. Através desta analise detalhada e comparativa, consegui chegar a uma compreensão, espero ter conseguido repassar isso através desta explicação.

[2] (BOCK; et.al. 2001) Em conjunto com discussões em sala de aula, no curso de psicologia, UNICENTRO, matéria de Introdução a Psicologia, Ministrada por SILVA, P. 2014

[3] (http://youtu.be/eMllpoTU6gg Acessado em: 07/06/2014)

[4] (TORRES PRESTRELO. p.01)

[5] (BOCK; et.al. 2001)

[6] (BOCK; et.al. 2001 p. 78)
[7] Todas as imagens que não possuem fonte declarada são de produção do autor, através do programa Paint da Microsoft. Não consta como “Fonte: Autor” para evitar danos à ilusão óptica, alterando assim o objetivo da imagem. A produção das imagens teve por base o material já referenciado ao decorrer deste trabalho, e presente ao final, nas Referências.
[8] Aqui opto por transcrever a definição da lei da Unidade, diretamente como escrita pelo autor do site, pois é uma lei que em todos os materiais encontrados, é exposta de maneira confusa, está foi a melhor, mais clara e simples definição que encontrei, por tanto, não creio ser sensato alterá-la, correndo o risco de dificultar a compreensão do leitor.

[9] (http://www.designculture.com.br/leis-da-gestalt-unidade-e-segregacao/unidade/ acessado em: 08/06/2014)


[10] Ler nota de roda pé nº. 8

[11] (http://www.designculture.com.br/leis-da-gestalt-unidade-e-segregacao/unidade/ acessado em: 08/06/2014)

[12] Anteriormente nesse texto, consta a data de surgimento da Gestalt como, por volta de 1920, baseado no vídeo assistido, constando a referencia na nota de roda pé. Apesar da referencia de Schutz & Schutz, ser mais confiável; optei por manter a referencia anterior, pois sabemos que entre se iniciar uma pesquisa e definir um novo campo de pesquisa, há um intervalo temporal considerável. É necessário superar o misticismo de exatidão dentro da ciência, nosso campo não é exato e cheio de verdades absolutas. É mutável, e impreciso, a cada nova analise, uma nova descoberta, uma nova teoria, novos dados.

[13] (Disponível em: http://youtu.be/rupEMDcTjAg & http://youtu.be/umLJQ7JWhdw Acessados em: 09/06/2014)

[14] A psicanálise Freudiana (oriunda de Sigmund Freud) acredita que o ser humano tem a formação de sua personalidade ainda na infância, sendo essa inalterável na vida adulta, restando ao individuo, conviver com sua personalidade, e contornar os possíveis problemas gerados por ela.
Porém quanto a critica de a psicanálise se apegar ao passado, quem tem um maior contato com essa “escola” sabe que não se trata disso. Apesar de ser uma crítica, que a maioria das outras abordagens farão à psicanálise, ela não se apega ao passado, pois compreende o inconsciente como atemporal, ou em um tempo lógico, e não cronológico. Isso significa que: um evento pode ter ocorrido no passado, mas se ele te causa sofrimento no presente, ele é seu presente. Pois o acontecimento é passado, mas o seu efeito é presente.

[15] Frase de um dos vídeos listados em vídeos assistidos.

[16] Disponível no link: www.google.com.br/search?hl=pt-BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1152&bih=773&q=Gestalt&oq=Gestalt&gs_l=img.3...7759.11283.0.11903.7.7.0.0.0.0.930.930.6-1.1.0....0...1ac.1.45.img..6.1.927.ComAUVgCWpM  Acessado em: 09/06/2014.