Temos uma construção sociocultural, na qual, é esperado que
um casal tenha momentos de intimidade, como compartilhamento das atividades diárias,
troca de carinhos e ato sexual. Não trata-se de uma obrigatoriedade, mas algo
socialmente construído que é esperado, já que assim somos ensinados ser o
correto, ou no mínimo habitual.
Quando um casal leva um de seus filhos ou o único filho/filha,
para sua cama, a criança obviamente se torna uma barreira para essa intimidade,
tanto na conversa e compartilhamento do dia, quanto na prática sexual, ao menos
espera-se que essa criança torne-se uma barreira, porque afinal, se mesmo com a
criança na cama, esse casal pratica relações sexuais, entendemos em nossa
cultura que existe um crime sendo cometido ai, quanto a conversa, normalmente
crianças interrompem a fala dos pais, então não é fácil manter um dialogo longo
em companhia de uma criança. Excluindo as situações de crime declarado, temos
um casal que está se utilizando de uma criança para evitar sua intimidade
esperada, isso pode ser consciente ou inconsciente, de um ou ambos os
parceiros.
Podemos entender que um casal que leva a criança para sua
cama, tendo condições financeiras, de mantê-la em um quarto e cama própria, está
se utilizando dessa criança como uma barreira para o casal. Aqui, excluímos os
casos nos quais a casa possui um único quarto ou o casal não tem condições de
comprar uma cama para a criança, mas nesses casos um auxilio da assistência social
seria saudável.
Com as resalvas feitas, um casal que mantenha filhos em uma
mesma cama, está declaradamente demonstrando um sintoma de um casamento doente,
no qual a criança vem sendo usada como uma “desculpa” para evitar a intimidade
do casal. Isso não apenas expõe a criança a riscos físicos, estando na mesma
cama que seres com quatro vezes o peso dela, como também a expõe a sérios riscos
de saúde psíquica, sendo usada como uma barreira, uma simples ferramenta ou
sintoma do relacionamento dos pais.
Temos também a questão de que uma criança dormir em uma
mesma cama que um adulto, pode criar nela o entendimento de que isso é “normal”
e aceitável, tornando-se uma facilitação para a pedofilia. Entenda-se bem, não
é que uma criança que dorme com um adulto, ou adultos, necessariamente vai ser
abusada, ou está vulnerável a todos os males do mundo, mas quando outro adulto
convida-la para deitar-se na mesma cama, com intenções sexuais, a criança não
vai considerar estranho o convite, porque afinal para ela virou habitual deitar
na mesma cama que adultos. Diferente de uma criança que não tivesse esse hábito,
que poderia minimamente estranhar o convite e apresentar resistência, o que
dificultaria o abuso.
Por esses e outros motivos, me posiciono totalmente contrário
a uma criança estar na mesma cama que um adulto, ao mesmo em nossa cultura e
forma de construção social. Costumo sempre dizer, e me perdoem o trocadilho,
tudo aquilo que você estranharia um estranho fazer com seu filho, você também
não deveria fazê-lo. Se você não vê com normalidade um estranho deitar-se na
mesma cama que seu filho ou filha, por que seria normal você deitar-se?
Se essa ação fosse vista com menos naturalidade, evitaríamos
inclusive boa parte dos abusos de crianças dentro das casas, por parte de um
dos pais, não é inédito e nem mesmo incomum, encontrarmos situações nas quais,
um dos pais abusa da criança enquanto o outro dorme, e até outras, nas quais ambos
os pais abusam da criança como mencionei anteriormente, me referindo como situação
criminosa declarada. Sei que os pais sempre tem o abuso sexual facilitado, pois
a criança é dependente deles e por tanto submissa aos mesmos, mas quando você
coloca essa criança na mesma cama que você e seu, ou sua, parceira, você está
abrindo uma porta de entrada a mais para facilitar um abuso. Em uma sociedade
na qual cada vez mais ficamos sabendo de abusos sexuais envolvendo crianças,
dificultar esses abusos, é muito mais interessante do que facilita-los. E
quanto a casais que estão usando a criança como ferramenta para evitar intimidade,
um casamento doente não faz bem para o próprio casal e acaba refletindo no
desenvolvimento da criança, terapia de casal é uma excelente alternativa para esses
casos.
Espero que entendam meus argumentos e ponderem a validade
dos mesmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário