quarta-feira, 10 de outubro de 2018

CRITICA AO FILME ELE ESTÁ DE VOLTA


         Um filme que mistura humor, com indignação, crítica social e realidade atual. Há muito tempo não via um filme que misturasse tantas coisas, sem ser confuso e mantendo uma absurda coerência.
          O contexto é dois mil e quatorze, misteriosamente uma figura se intitulando Hitler, surge na Alemanha. Com carisma, conquista milhares de pessoas as tornando suas admiradoras, utilizando um discurso de critica política e combate a corrupção do país.
    O personagem é carismático e mesmo com a população considerando sua atuação um quadro de humor, rapidamente são cativados por suas ideias.
        É interessante como a população aceita com facilidade um discurso fascista, não é surpreendente, ainda mais no contexto brasileiro atual, mas é interessante, que não se precise mentir a respeito do fascismo. Se um político pretende promover o fascismo, não precisa escolher meias palavras, nem esconder seus objetivos, pois seu discurso fascista cativa o fascista existente dentro de cada ser humano.
          O filme segue em um tom humorístico, mesmo em cenas que deveriam ser muito impactantes, isso faz com que ao assistir, sinta-se uma mistura de vontade de rir, chorar e vomitar. Não sei se todos que o assistem passam por essa experiência, mas a mim, que estudei muito a respeito do nazismo e presencio uma situação política contemporânea preocupante, me causou um enorme misto de sensações. Fica ainda mais claro e evidente para mim, que o fascismo não é produzido a força nos que o apoiam, ele é uma conquista, quem é contrario a ele, luta, mas quem apoia, não foi forçado a apoiar o fascismo, apenas encontrou na boca de outro, as palavras da própria revolta. A pequenas doses, se convence a população, que em nome de uma nação se pode fazer o necessário, de inicio, apenas gritar, depois torturar, matar... E tudo segue em um clima de humor e naturalidade, como se o fascismo fosse uma forma de vida comum e não um crime contra a humanidade.
           Um excelente filme, mas uma triste realidade.

SOBRE O FIM DO GOOGLE PLUS E PORQUE NÃO USO FACEBOOK




       Comecemos com o porque o Filosofia Da Psique não tem Facebook e gostaria de não precisar recorrer a ele. O primeiro motivo para nosso projeto não estar no Facebook e o mais importante de todos, é ideológico, pois como bom Nitzschiano, sou contrario a todas as formas de idolatria e coloco isso como um padrão ético de nosso projeto. Desde o começo dessa rede social, quando eu mesmo nem utilizava internet ainda, algo que sempre me gerou repulsa, foi à idolatria desenvolvida pela imensa maioria que utiliza essa rede, tanto que até os dias atuais, quando informo que não tenho Facebook, as pessoas se espantam. Eu me espanto quando alguém quer falar sobre política, sem ter lido Maquiavel, isso me espanta, alguém ter ou não uma rede social me é irrelevante.
            Mais tarde, eu teria outro motivo para não utilizar essa rede, pois quando tive de fato acesso a ela, me causou enjoo, ver a quantidade de poluição visual existente, menus desnecessários, publicidades e tantas outras inutilidades sujando a tela do computador. Tive essa triste experiência na época que comecei com o canal do Youtube, pois buscava uma forma de divulgar nosso trabalho e fazê-lo atingir um publico maior, nesse mesmo período conheci uma pessoa muito importante para o começo de nosso trabalho, que me ajudou a divulgar o canal e me apresentou ao G+ (Google Plus) como uma alternativa de dar visibilidade aos vídeos. Comecei a utiliza-lo logo no começo do canal, e com o tempo passei a aprecia-lo muito, primeiro porque sempre foi uma rede social muito versátil, possibilitando compartilhamento de vídeos, links, imagens, apenas textos, além de gifs, isso muito antes de todas as outras redes sociais permitirem o compartilhamento desse tipo de arquivo. O segundo motivo para gostar do G+, é seu visual extremamente minimalista, sem excessos e sem publicidade, bastante limpo. Infelizmente com o passar do tempo, a Google foi realizando péssimas atualizações no seu produto, a cada atualização cem por cento desnecessária, junto vinha alguma falha, ou era o contador de seguidores, que variava de número, ou os comentários em postagens que desapareciam, ou as notificações tendo problema de visualizações, ainda assim, até o momento atual, o G+ se demonstra a melhor rede social disponível, com mais recursos e menos poluição visual, sendo muito organizado e estético, mas infelizmente ao que tudo indica, ficaremos sem ele, pois estão saindo noticias em vários lugares, blogs e sites, sobre o fim dessa rede social, devido a falhas inclusive de segurança, dos dados de seus usuários, para o Filosofia Da Psique, é uma triste notícia, pois o G+ fez parte do nosso projeto por esses quase quatro anos de trabalho, sendo uma importante ferramenta, para a divulgação dos vídeos, e para o compartilhamento de informações e conteúdos, de vários gêneros, principalmente, de psicologia, psicanálise e filosofia. Mas nos adaptaremos, nunca usei o Facebook e pelos motivos já citados, possivelmente não o usarei, mas nosso projeto conta com esse Blog, que possivelmente terá postagens mais frequentes caso ocorra de fato o fim do G+, assim como a página do Instagram, na qual seguiremos postando as imagens e textos curtos que fazem parte do nosso trabalho. Claro, não esqueçamos que o nosso principal meio de comunicação, o mais popular, conhecido e usado, nosso canal do Youtube, segue com seus mais de quinhentos vídeos.
         Para quem gosta do nosso trabalho, e vem nos acompanhando ao longo desses quase quatro anos, fica a dica, para se ainda não é inscrita ou inscrito em nosso canal, acessa, se inscreve e acompanha o trabalho por ele, assim como pela nossa página do Instagram. O G+ tendo ou não seu fim, seguiremos com o trabalho do Filosofia Da Psique, como já fazemos a anos, caso fiquemos sem internet, seguiremos em praça pública, mas iremos parar de compartilhar o conhecimento que adquirimos e lutar por um mundo melhor, com menos ignorância, que é a origem de todos os males.
         Não se esqueça, caso você tenha conta da Google, pode seguir esse Blog, caso não tenha salve o endereço em seus favoritos, para estar acompanhando nossas postagens, e se inscreva no canal e no Instagram, para não perder o contato com nosso projeto, cada pessoa que nos segue e acompanha nosso trabalho, é de grande valor para nós.


domingo, 30 de setembro de 2018

MUDANÇAS EM RELAÇÃO AO TRABALHO DO PROJETO FILOSOFIA DA PSIQUE.



            Ao longo da existência do projeto Filosofia Da psique, muitas pessoas vem nos acompanhando, auxiliando a divulgar e manifestando carinho em relação ao nosso trabalho. Agradeço a todas as pessoas por isso, nosso canal em conjunto com as redes sociais cresceram e visando manter a qualidade do trabalho e poder responder adequadamente a todas as pessoas que de fato acompanham nosso trabalho e se interessam pela construção de conhecimento, estou tomando algumas decisões que afetam os comentários dos vídeos e postagens em geral, que envolvem nosso projeto.
            Notei ao longo desses quase quatro anos de existência do projeto, que muitas pessoas assistem a nossos vídeos como um complemento as leituras e aulas, para ter uma visão diferente do conteúdo, exatamente dentro da proposta do projeto. Mas infelizmente, também notei que muitas pessoas assistem a nossos vídeos como uma forma de saber algo a respeito do conteúdo sem ler o livro ou artigos a respeito, apenas como uma forma de fazer trabalhos de escola ou faculdade de uma maneira mais “preguiçosa” sem a dedicação necessária para um trabalho de boa qualidade. Ainda pior do que isso, existem pessoas que nem mesmo assistem ao vídeo e deixam nos comentários perguntas que evidentemente fazem parte de alguma atividade solicitada por professores, a qual a pessoa está com preguiça de responder, por tanto, deixa nos comentários esperando que eu responda por ela. Como sei dessas coisas? Lembrem-se meu trabalho é estudar a mente humana, então a forma como uma pessoa estrutura seu texto, as palavras que usa, a pergunta que faz e até mesmo as palavras que utiliza para cumprimentar, dão indícios disso.
            Ao longo do tempo sempre fui muito educado com todas as pessoas que nos seguem, mesmo com as que em contrapartida não eram tão educadas assim. Mesmo aquelas que perguntavam coisas que eu tinha respondido durante o vídeo, o que deixava evidente que não tinham assistido até o final, ou ao menos não com grande atenção, mesmo assim, sempre respondi de maneira delicada, no máximo indicando que assistisse novamente o material e caso ainda assim não entendesse, me perguntasse novamente. Mas como tenho estado cada vez mais atarefado, com menos tempo e energia, além de cada vez mais incomodado, por saber que algumas pessoas tem utilizado nosso trabalho com finalidades levianas, como as mencionadas, tomei a decisão de mudar minha postura com relação aos comentários nos vídeos e postagens. Até mesmo porque o nosso projeto está entre poucos do YouTube com a mesma visibilidade que o nosso, que responde a praticamente todos os comentários realizados. Ao longo do tempo de atuação, tivemos mais de seis mil e trezentos comentários, e como mencionado, quase todos respondidos, ficando sem resposta apenas alguns sem relação com a temática, ou que eram ofensivos. Para visar manter essa atenção com nossas seguidoras e seguidores, as medidas tomadas com relação aos novos comentários são as seguintes:
* Comentários que não tenham uma relação direta ou minimamente indireta com a temática trabalhada no vídeo e que não sejam parabenização pelo trabalho, ou critica embasada apontando melhorias, serão deletados de imediato, sem resposta.
* Opiniões que não tenham um embasamento teórico, ou minimamente demonstrem conhecimento do autor e teoria trabalhado, ou que manifestem preconceito de qualquer gênero, serão igualmente excluídos.
* Qualquer comentário que manifeste: racismo, homofobia, ou preconceito de outro gênero, será excluído e o responsável pelo comentário bloqueado para não ter mais acesso ao nosso conteúdo.
* Qualquer propaganda partidária ou de apoio a político ou figura publica sem relação com a temática abordada, será excluída. Na ocorrência de uma segunda vez, a pessoa será bloqueada.
* Qualquer propaganda de página, rede social, canal, ou outro vídeo que não do próprio canal Filosofia Da Psique, serão igualmente excluídos.
* Por varias vezes afirmei que nosso canal não tem finalidade diagnóstica ou de tratamento, para isso se deve procurar um serviço de saúde, por isso, qualquer pedido de diagnóstico, ou opinião sobre caso clínico pessoal, que não seja devidamente publicado na literatura cientifica, também serão excluídos.
* Também serão excluídos comentários que não façam sentido, com uso de símbolos desconhecidos ou língua estrangeira.
* Comentários que façam perguntas de informações pessoais, sem justificar de uma maneira coerente o motivo da pergunta, apenas ficarão sem resposta.
            Essas medidas visão evitar que nosso projeto seja utilizado como ferramenta de propagação de preconceitos, ou manifestação de ódio contra pessoas ou grupos. Além de visar à manutenção da qualidade do trabalho, possibilitando responder com maior dedicação, as pessoas que fazem um uso correto do trabalho.
            Sei que é inconveniente falar, ouvir ou ler sobre regras, eu sou um dos que mais me incomodo com isso, mas infelizmente, a sociedade se demonstra imatura demais, para ser possível fazer de outro modo. Então até que a nossa sociedade seja capaz de amadurecimento e tomada de consciência o suficiente, para distinguir as coisas e pensar sobre as consequências de seus atos, teremos que continuar estabelecendo regras e penalizando quem as descumpra.
            Todas as mudanças estabelecidas aqui cumprem com o nosso código de ética descrito no projeto do Filosofia Da Psique, que pode ser acessado no link: https://filosofiadapsique.blogspot.com.br/2017/07/projeto-filosofia-da-psique.html


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

A ANÁLISE SELVAGEM


        Na obra Psicanálise Selvagem, ou Psicanálise Silvestre a depender da tradução, Freud fala a respeito da analise realizada por um médico sem preparo teórico e desconhecendo o contexto de sua paciente. As criticas que Freud realiza na sequência, demonstram o quanto é sem sentido a tentativa de analisar algo que lhe é desconhecido. Sabemos por outras obras tanto de Freud quanto de outros autores, que quando uma pessoa tenta falar a respeito de outra que acabou de conhecer, está falando a respeito dela própria, nada da outra, pois sem conhecermos o contexto da vida da pessoa e sem entendermos a visão de mundo dela, nos é impossível falar qualquer coisa dela. Até mesmo, porque se afirma entre muitos psicanalistas, que a analise, não é feita pelo analista, mas sim pelo próprio paciente, o analista apenas indica possibilidades, sem ter certeza nenhuma se essa possibilidade de fato faz sentido ou não, é o paciente quem vai confirmar ou negar o sentido.
            Infelizmente um dos erros mais comuns de serem cometidos por estudantes, é fazer analises de situações a partir de suas próprias visões de mundo. Nada conhecem sobre a outra pessoa, não sabem como ela representa o mundo e seus sentimentos, e tentam de maneira desastrosa afirmar algo sobre a vida dessa pessoa, o que acaba não fazendo nenhum sentido para ela, e é nesse momento que você percebe o quanto foi falha essa tentativa, pois se a pessoa se irritar, certamente a analise fez sentido. Mas o que normalmente ocorre, é que a outra pessoa fica com uma sensação de estar tentando conversar com uma parede, pois do nada surge uma afirmação que não faz sentido nenhum para ela.
           Quando percebemos algo sobre uma pessoa que acreditamos ser importante apontar para ela, primeira coisa a contabilizar, é o fato de que provavelmente o que será dito, fala mais a respeito do locutor, do que do ouvinte, segunda coisa, sempre aponta-se em sentido de questionamento, pois somente a pessoa pode negar ou confirmar, já que somente ela conhece sua vida. A terceira coisa a se contabilizar, é que se você fez três apontamentos em menos de cinco minutos, você está ansioso com o que está ouvindo, não que exista algum conteúdo a ser analisado ali.


sábado, 7 de julho de 2018

PSICANÁLISE SILVESTRE (1910)


FREUD, Sigmund. Psicanálise Silvestre. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Imago. 1987.

         Freud nos alerta para os riscos de uma interpretação apressada e desentendida da teoria psicanalítica. Ao receber uma paciente com queixa de quadros de ansiedade, ela relata que o médico visitado antes, atribuiu sua doença a falta de atividade sexual, pois havia se separado do marido, sendo que deveria buscar Freud, para que confirma-se esse diagnóstico, já que seria ele a fazer essa nova descoberta.
        A paciente estava convencida de não poder se curar, pois suas alternativas segundo o médico anterior, seriam voltar ao ex marido, buscar um amante ou masturbar-se, sendo para ela todas as práticas citadas inadmissíveis, estava convencida de que não teria cura.
       Freud chama a atenção para o fato de que pacientes, quando descontentes com o diagnóstico ou atendimento de um médico, podem exagerar, ou distorcer o que de fato foi dito, por tanto não podemos condenar apressadamente esse profissional mencionado, pois desconhecemos o que de fato ele disse e o que faz parte da interpretação da paciente. Mas para discutir o tema, tomemos por verdadeiro o que a paciente afirma e consideremos que o médico teria lhe dito exatamente dessa forma.
    A primeira questão que nos fica evidente é o completo desentendimento do que é sexualidade para a psicanálise. É verdade que o ato sexual faz parte da sexualidade e que alguns dos casos psicanalíticos têm uma ligação com atos sexuais, mas se resumiria a isso a teoria? Para a psicanálise, a sexualidade se estende muito além dos limites do ato sexual, se entende por sexualidade toda a busca de prazer e evitabilidade de desprazer. Nesse sentido, o ato de se alimentar obtendo prazer de um saboroso prato, envolve a sexualidade, através da obtenção de prazer pelo nosso órgão de prazer mais primitivo, a boca. Sendo assim, o primeiro grave erro cometido por esse médico, seria falar sobre uma teoria da qual certamente em nada se apropriou, nada estudou, por isso considerou como sexualidade apenas o coito e seus análogos, como a masturbação.
        Outro erro cometido por esse médico, além da falta de tato ao discutir sexualidade com sua paciente, foi acreditar que ela seria ignorante o suficiente para não saber que poderia ter um amante, ou masturbar-se, seria ele tolo o suficiente para acreditar que se o problema dela era a falta de sexo, uma mulher adulta de seus quarenta anos, não saberia como buscar um parceiro ou como masturbar-se? Ou ainda, ele acreditou que ela precisava da autorização médica para isso?
     O médico também ignorou por completo o fato de que a paciente relata já vir sofrendo de ansiedade antes, tendo a separação apenas intensificado o quadro.
     Por tanto se pretende-se falar em nome da psicanálise, ou utilizar dessa para um diagnóstico: “Não é bastante, pois, para um médico saber alguns dos achados da psicanálise; êle deve também estar familiarizado com a técnica se êle deseja que seu procedimento profissional se oriente por um ponto de vista psicanalítico.” (p. 212)
   Freud afirma que em geral esse tipo de interpretação e intervenção silvestre, tende mais a gerar prejuízos ao nome da psicanálise, do que ao paciente em si, pois estando de tal modo errado o suposto psicanalista, suas interpretações não farão sentido para o paciente, desse modo não o moverão em nenhum sentido, mas a teoria que já sofre preconceitos acaba ainda mais afetada.


SOBRE O MECANISMO PSÍQUICO DOS FENÔMENOS HISTÉRICOS: UMA CONFERÊNCIA (1893)


FREUD, Sigmund. Sobre o Mecanismo Psíquico dos Fenômenos Histéricos: Uma Conferência. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Imago. 1987.

        Charcot estuda o que os franceses chamam de “neurose maior” equivalente à histeria na obra Freudiana. Através de Charcot foi possível compreender melhor a histeria traumática, quando um paciente sofre um trauma psíquico ligado a uma parte de seu corpo. Freud utiliza o exemplo de um trabalhador que sofre um acidente, no qual uma madeira cai em seu ombro, ele vai para a casa sem nada grave, apenas com uma pequena contusão, após um período que Freud denomina encubação, esse trabalhador acorda com seu braço paralisado, sem saber o porquê, possivelmente, sem nem mesmo se recordar do acidente ocorrido, aqui se estabelece uma histeria traumática.
      Freud nos chama a atenção, para uma outra categoria de histeria, a que ele e Breuer estudam a partir do caso Anna O e dos casos atendidos por Freud como Emmy Von N, essa categoria Freud classifica como histeria comum, ou não traumática, se referindo ao fato de nesses casos, não existir um evento físico causador do sintoma. No caso do trabalhador citado por Freud, temos um trauma físico, o impacto da madeira, no caso de Anna O e Emmy Von N, não existe esse acontecimento físico, hoje entendemos como trauma psíquico, mas Freud se refere a algo diretamente ligado ao corpo.
       Freud toma, por exemplo, situações de transtornos alimentares, citando uma paciente que vivenciou situações de grande afeto nos momentos de alimentação, como ser obrigada a sentar-se a mesa com pessoas que a desagradavam muito, assim como vivenciar cenas asquerosas durante a alimentação, ou ser obrigada a comer algo que desagradava de maneira significativa seu paladar, e posteriormente, sente grande enjoo antes da alimentação, chegando a vomitar. Ele também faz uma referência à anorexia, considerando que essa recusa em se alimentar, pode em muitos dos casos, vir igualmente de situações vivenciadas durante a alimentação.
         Freud faz uma referência ao fato de um trauma dificilmente se referir apenas aquela situação vivenciada, mas na maioria das vezes, ter uma ligação com cenas anteriores mais primitivas. Ou seja, uma situação em si, não é traumática, mas quando essa situação se liga a anteriores vivenciadas, forma-se o trauma, nesse caso, trauma psíquico, não físico.
      Por exemplo, uma pessoa que tem seu carro fechado no trânsito, porém sem nenhum tipo de sequela ou consequência física, ainda assim, desenvolve uma paralisia de algum membro, possivelmente o quase acidente de carro, em si, não foi o ponto inicial, mas apenas o desencadeador, o trauma já vinha se formando através de um evento no qual um parente próximo cometeu suicídio utilizando o carro, por exemplo, ou um acidente automobilístico sofrido pela mãe durante a gravidez. Uma ligação mais primitiva, com eventos de grande carga afetiva.
         Freud também nos faz referência ao fato de os sintomas serem desencadeados por situações nas quais a pessoa não expressou uma carga afetiva de desprezo, repulsa ou nojo. Tomando por base o caso Anna O, a paciente desenvolveu um transtorno alimentar relacionado à ingestão de água, após ver um cão bebendo água de seu copo. Naquele momento, ela não conseguiu verbalizar a repulsa sentida, e esse afeto não manifestado, se transforma no sintoma de ser incapaz de beber água.
         Temos que considerar, que quando Freud estuda a histeria, está imerso em uma cultura de grande repressão, sexual e moral, apesar de em uma de suas obrar afirmar que para algumas cidades, Viena era considerada liberal demais, o que me assombra. Mas tomando por base essa repressão da época, principalmente uma repressão sobre as mulheres, de como: deveriam se portar, da imoralidade de uma mulher ter desejos sexuais, ou fantasias eróticas, diante dessa imensa repressão, temos sintomas tão gritantes quanto a repressão se demonstrava. Nos dias atuais, não temos uma repressão tão intensa, ainda existe sim, mas com menos força, o que faz com que atualmente, os sintomas da histeria também sejam mais brandos, ainda encontramos casos clássicos de paralisias, mas de maneira geral, temos muito mais, doenças autoimunes, casos de transtornos alimentares, ou doenças relacionadas ao estômago, enxaquecas sem casas neurológicas, desmaios em situações de estresse, formas diferentes de se relacionar com o corpo, que em suma, não se distanciam tanto da histeria clássica. A repressão, já não se faz mais tão evidente, mas a cobrança social a substitui com eficiência, não se da tanta ênfase ao que não se pode fazer, mas continua-se cobrando o que devemos ser.

sábado, 9 de junho de 2018

AS TRÊS PRINCIPAIS FORMAS DE ACESSO AO CONHECIMENTO


      Temos três formas básicas de acesso ao conhecimento: Mitologia, Filosofia e Ciência.


            Na primeira e mais antiga, o ser humano buscou explicar o mundo através de deuses e suas vontades. Nesse período o que hoje é distinguido como fantasia e realidade, não fazia sentido, pois o mito era a forma mais eficiente de compreender a realidade. Mas essa eficiência foi se tornando questionável, a cada nova experiência vivida o mito se tornava mais insuficiente para compreender o mundo.
            Nesse movimento seres humanos que tinham condições de viajar mais e conhecer culturas diferentes, eram entendidos como mais sábios, criando o movimento dos sofistas, que seriam precursores dos filósofos. Os sofistas compartilhavam suas verdades sobre os sentimentos humanos e aquilo que conheciam em suas viagens a terras distantes, mas isso tinha um custo. Nesse sentido, efetuando uma critica tanto ao fato de os sofistas cobrarem pelo conhecimento, como até mesmo em um questionamento da validade desse conhecimento, surge Sócrates, que retomaremos logo mais.
            No mesmo período dos sofistas, tínhamos os filósofos da fisís, sujeitos que se dedicavam a tentar explicar o surgimento do universo, por vias mais racionais e sensatas do que a religiosa. Para isso uma de suas grandes buscas foi o arché, supostamente uma substância da qual teria surgido todo o conhecido. Seu método partia da dedução e raciocínio lógico, tentando criar suposições coerentes.
            Sócrates anteriormente mencionado era um apreciador do método de pensamento dos filósofos da fisís, mas tinha grande interesse pelo material de estudo dos sofistas. Desse modo ele tenta, utilizar a sistematização de pensamento dos filósofos aplicada aos sentimentos e pensamentos humanos. Seria ele o responsável por mudar o foco de analise da filosofia.
            A filosofia perdurou por anos como a principal forma de acesso ao conhecimento, mas de suas próprias entranhas, surgiria a sua substituta, para alguns, que de fato consideram esse nova forma como mais coerente que a anterior, para outros como eu, é apenas um método paralelo, não necessariamente melhor.
            A cada novo filósofo, parecia mais coerente se deixar levar mais pelos dados sensoriais do que pelo pensamento lógico. Os filósofos começam a desejar mais sentir e tentar, ao pensar e deduzir. Desse modo começam a valorizar de maneira significativa a experiência no mundo, as sensações e observações, dando força ao método cientifico.
            A realidade é que mesmo com a ciência sendo considerada o método mais valido atualmente, ainda apresenta centenas de falhas e a forma como a maioria continua acessando o conhecimento, ainda é pelo método filosófico, pois mesmo a construção do conhecimento sendo cientifica, a maioria das pessoas não replica experimentos no seu dia a dia, para conferir a validade deles, o que fazem, é apenas confiar por dedução lógica que as coisas devem ser feitas do modo que fazem. Quando um médico receita o medicamento, seu paciente não testa em laboratório a formula antes de consumi-lo, o que faz é deduzir por lógica que o médico teve uma formação adequada para receitar-lhe aquele medicamento e que esse remédio foi testado e comprovada sua eficiência por pessoas da área. Mas de fato, o paciente não experienciou nada disso, nem a formação do médico, nem os experimentos com o medicamento, por isso todo o conhecimento que ele tenha ou a confiança que deposita no profissional e no medicamento, advém de um pensamento filosófico e não cientifico.