sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A BRIGA DE FREUD E JUNG

Ao longo dessa relação que durou um tempo considerável, Freud depositou grande confiança em Jung, acreditando que esse daria seguimento a psicanálise criando inclusive uma forma de inclusão dos psicóticos, mais ou menos o que é feito mais tarde por Lacan. Porém, conforme o tempo passa, Jung cada vez mais, passa a pensar por si, criando distinções do pensamento freudiano. Isso faz com que a relação entre esses dois personagens, se torne cada vez mais agressiva, ao nível de romperem definitivamente.
Um dos principais problemas de Freud em relação a Jung foi referente a religião. Freud acreditava que a psicanalise como uma nova área, que desafiava a sexualidade e os valores da época, sendo representada por judeus, salve a exceção do próprio Jung, já encontrava resistência o suficiente, sem precisar de mais a questão religiosa para criar problemas. Claro que aqui, ainda vem embutido o fato de que Freud desprezava a religião de maneira significativa.
Após vários episódios de discussões e desconfortos entre os dois, a situação se tornou insustentável, gerando um afastamento pessoal, mas não na mesma proporção teórico. A psicanálise permanece com conceitos desenvolvidos por Jung e a teoria analítica possui sua semelhança com a psicanálise, sendo considerada como uma forma de psicanálise por muitos.
Em relação aos autores, me parece que Jung é muito melhor resolvido com o desentendimento do que Freud, isso fica notável, nas entrevistas que Jung concedeu, nas quais sempre que fala de Freud, apesar das críticas a personalidade, o faz com carinho. Diferente de Freud, que sempre refere-se a Jung de maneira ácida, talvez pelo próprio investimento libidinal, mal resolvido.
Em relação aos junguianos e freudianos, me parece existirem variações, alguns junguianos são tão mal resolvidos quanto Freud e acabam entrando em disputas desnecessárias e críticas pouco produtivas em relação a psicanálise, e alguns freudianos acabam sendo tão carinhosos em relação a psicologia analítica quanto Jung ao falar de Freud. Sendo que o inverso também é valido, freudianos em criticas rasas de Jung e Junguianos que tem grande apreço pela psicanálise.
Talvez tenhamos mais a comemorar do que a lamentar, pois graças a esse desentendimento, temos mais uma grande opção teórica na psicologia.