A velhice psicológica em geral, nos atinge antes da física.
Uma das falácias da idade é a ideia de sabedoria ou conhecimento, se afirma
sobre os velhos serem detentores de conhecimento, muito longe disso, não apenas
hoje, mas há muito, o conhecimento muda em tal ritmo, que ninguém o detém,
apenas é transpassado por ele. Sempre afirmei, um velho que nada estuda nada
sabe. Um jovem que muito lê, está a construir sua sabedoria. A tola afirmação
de que a idade trás sabedoria, já foi responsável por envelhecer mais pessoas,
do que os anos o fez, essa tola crença de associar idade a conhecimento, faz
com que muitas pessoas se “emburreçam” cada vez mais ao envelhecer, pois deixam
de se preocupar com o aprendizado, e a falta de exercício os torna incapaz de
lembrar o que já haviam aprendido, em alguns casos chegam a ser incapazes de
manter a sanidade mental e a capacidade racional.
A confiança na sabedoria da velhice tem como certa consequência
o desenvolvimento de pessoas cada vez mais ignorantes, a idade nada trás alem
da proximidade com a morte, o que trás conhecimento é a busca por ele, e o que trás
a sabedoria é à vontade e empenho em pensar. Nada disso tem relação intrínseca
com a idade. Envelhecemos justamente porque cremos nos benefícios da idade, nos
tornamos imbecis, por parar de estudar, aprender e ler, acreditando que a idade
trás sabedoria. Nos tornamos débeis fisicamente, por preguiça de nos
exercitarmos, e usamos como desculpa, a afirmação, que em nossa velhice, nos
cabe dedicarmo-nos aos exercícios mentais, mas mesmo esses foram abandonados,
pela mencionada tolice de acreditar que ser mais velho equivale a ser mais
sábio. Não foram poucas as vezes que pedi a meus colegas de sala explicações a
respeito do que me era desconhecido, considerando que em minha sala de aula
universitária sou o mais velho, se a idade alguma sabedoria trouxesse, não
seria lógico nada perguntar aqueles que são muito mais novos que eu. O que
dizer de meus professores, que em geral mais novos que eu, e ainda assim
doutores em áreas que ainda engatinho?
Não exalto a juventude, nem dela sinto falta, fase que
passou, me ensinou e consequências deixou, de bom grado aceito a idade que vem
se achegando, uma dor aqui, um problema de saúde ali, me cuido e tento
recuperar parte do que perdi por decisões duvidosas, me alimento dentro do que
considero saudável e prático exercícios, físicos e mentais. Mas uma coisa é
certa, aceito de bom grado cada ano que chega, sem apressa-los, nem tentar
retarda-los. Não me vanglorio da idade, nem lamento por ela, apenas aceitos as
novas limitações que vão se apresentando, e aproveito o conhecimento que vou adquirindo,
boa parte dele, com pessoas mais jovens do que eu.
Embasado em Cícero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário