Depois de uma semana de chuvas,
Uranus limpou, deixou evidente toda a sua beleza.
Passei uma noite a olhar, a olhar,
mas pouco ver.
Então hoje decidi montar em minha
moto e fazer algo que há muito tempo não fazia, talvez não o fazia há algumas
encarnações. Fui para o meio da mata, na escuridão, no Caos, no meio do nada,
para olhar para o céu pela primeira vez.
Olhar para um céu que nunca até
então olhei, ver estrelas que nunca havia visto entender o que realmente sou. Uma
partícula do grão de poeira entre gigantes cósmicos, menos que um átomo.
Passei por estradas nas quais
caminhei em minha infância e descobri que nunca estive nelas, lembrei-me de
pessoas que nunca conheci, compreendi coisas que nunca cheguei a aprender. Vivi
coisas que talvez já morreram. Encontrei sabias corujas e humanos ignorantes.
Amei verdadeiramente à noite,
olhei para um céu, que não se seleciona um palmo sem estrelas e percebi que
cada uma delas, é apenas uma luz, de tantos mundos possíveis. Lembrei-me de Heráclito
e tive a certeza de que nunca olhei para o céu, nunca estive naquelas estradas,
nunca vi aquela mata, nunca respirei aquele ar, nunca fui aquela pessoa.
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